O presidente da França, Emmanuel Macron, descartou nesta segunda-feira (26/08) a possibilidade de nomear um primeiro-ministro da coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), que elegeu o maior número de deputados nas eleições legislativas de julho, afirmando que isso poderia representar uma “ameaça à estabilidade institucional”.
De acordo com Macron, a coalizão esquerdista não sobreviveria a moções de desconfiança dos demais partidos na Assembleia Nacional, o que gerou reações de indignação por parte dos esquerdistas, que convocaram protestos de rua e pediram o impeachment do mandatário francês.
“O presidente da República observou que um governo baseado apenas no programa e nos partidos propostos pela aliança com o maior número de deputados, a Nova Frente Popular, seria imediatamente censurado por todos os outros grupos representados na Assembleia Nacional”, afirmou uma declaração divulgada pelo Palácio do Eliseu após uma rodada de consultas entre Macron e os blocos políticos.
A nota afirma que a NFP, cujos representantes foram os primeiros a serem recebidos, na sexta-feira passada, juntamente com sua candidata para chefe de governo, Lucie Castets, “não propôs maneiras de cooperar com as outras forças políticas”. A coalizão de esquerda é composta pelo Partido Socialista (PS), a legenda de extrema esquerda França Insubmissa (LFI), os Verdes e o Partido Comunista.
A LFI enfrenta forte rejeição por parte de Macron, que chegou a compará-la ao partido ultradireitista Reunião Nacional, de Marine Le Pen. O líder da LFI, Jean-Luc Mélenchon, teria aceitado não participar do novo governo de modo a viabilizar um possível mandato para a NFP, mas isso não bastou para superar a resistência do presidente.
Impasse e “golpe”
Macron, segundo a nota, “desaconselha essa opção” e abrirá a partir desta terça-feira um novo ciclo de diálogo com “líderes partidários e personalidades que se destacam por sua experiência a serviço do Estado”. O centrista pediu que “todos os líderes políticos estejam à altura da ocasião e demonstrem um espírito de responsabilidade”.
Mesmo antes do anúncio do Eliseu, a NFP havia deixado claro que só iria se reunir novamente com Macron para discutir os detalhes de um governo de coalizão liderado por Castets, uma economista e servidora pública de 37 anos.
Contudo, os 193 assentos que a NFP e seus parceiros conquistaram ainda estão longe da maioria absoluta de 289 que permitiria que a coalizão governasse sozinha, sem a ameaça de uma moção de desconfiança que pudesse derrubar um virtual governo de esquerda.
A LFI considerou a reação de Macron como um “golpe de Estado inaceitável e antidemocrático”. Mélenchon pediu que o público dê uma “resposta dura” e ameaçou com a abertura de um processo de impeachment de Macron. (Com agências internacionais)
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