A Justiça de Pernambuco determinou, na tarde desta segunda-feira (23), a prisão preventiva (sem prazo definido) do cantor Gusttavo Lima. A decisão é da juíza Andrea Calado da Cruz, do Tribunal de Justiça do estado.
Lima é suspeito de ter ajudado duas pessoas investigadas no âmbito da Operação Integration a ficarem fora do País. A operação investiga uma suposta organização criminosa que atua em jogos ilegais e lavagem de dinheiro.
A magistrada acatou pedido da Polícia Civil de Pernambuco e rejeitou argumentos do Ministério Público de Pernambuco, que, na última sexta-feira (20), solicitou a substituição de prisões preventivas por outras medidas cautelares. A decisão judicial foi antecipada pelo portal de notícias UOL em matéria do jornalista José Matheus Santos.
De acordo com a Justiça, Gusttavo Lima teria ajudado José André da Rocha Neto (proprietário da VaideBet), e sua esposa Aislla Rocha, a permanecerem no exterior, sem se entregar às autoridades. Os dois têm mandados de prisão em aberto desde a deflagração da operação no dia 4 de setembro. O cantor viajou à Grécia no início do mês para comemorar o seu aniversário de 35 anos.
“É imperioso destacar que Nivaldo Batista Lima [nome verdadeiro de Gusttavo Lima], ao dar guarida a foragidos, demonstra uma alarmante falta de consideração pela Justiça. Sua intensa relação financeira com esses indivíduos, que inclui movimentações suspeitas, levanta sérias questões sobre sua própria participação em atividades criminosas. A conexão de sua empresa com a rede de lavagem de dinheiro sugere um comprometimento que não pode ser ignorado”, escreveu a juíza Andréa Calado da Cruz.
A juíza destaca que, no retorno da viagem à Grécia, a aeronave que transportou Gusttavo Lima teria Rocha Neto e Aislla no exterior.
“Na ida, a aeronave transportou Nivaldo Lima e o casal de investigados, seguindo o trajeto Goiânia – Atenas – Kavala. No retorno, o percurso foi Kavala (Grécia) – Atenas (Grécia) – Ilhas Canárias – Goiânia, o que sugere que José André e Aislla possam ter desembarcado na Grécia ou nas Ilhas Canárias, na Espanha. Esses indícios reforçam a gravidade da situação e a necessidade de uma investigação minuciosa, evidenciando que a conivência de Nivaldo Batista Lima com foragidos não apenas compromete a integridade do sistema judicial, mas também perpetua a impunidade em um contexto de grave criminalidade”, ressalta o texto.
A juíza também determinou o bloqueio cautelar de todos os imóveis matriculados no CPF de Gusttavo Lima e nos CNPJ’s relacionados ao cantor, bem como o bloqueio de valores de contas bancárias e aplicações financeiras.
A decisão judicial também determina que os mandados de prisão de Rocha Neto, Aislla Rocha e outros três foragidos da investigação sejam incluídos na “difusão vermelha” da Interpol.
No final de semana, o cantor realizou shows em São José dos Campos e em Jaguariúna, no estado de São Paulo, segundo agenda publicada nas redes sociais. A programação prevê shows em Marabá e em Parauapebas, duas cidades do Pará, nos dias 27 e 28, respectivamente.
A Justiça de Pernambuco já tinha determinado o bloqueio de R$ 20 milhões em bens da empresa Balada Eventos, que tem Gusttavo Lima como um dos sócios.
Uma empresa de Rocha Neto comprou um avião pertencente a Gusttavo Lima, de acordo com os investigadores. O empresário paraibano teve R$ 35 milhões em bens pessoais bloqueados, além de bloqueios em empresas em seu nome.
“Demonstra-se aqui mais um ato de ocultação dos valores obtidos pela empresa dos jogos ilegais na lavagem de capitais, a adquirente paga milhões de reais pela aeronave, prova é que o casal [Rocha Neto e Aislla] viajou para os EUA nela, após sua aquisição, mas não a transferiu para seus nomes ou de empresas de sua propriedade”, acrescenta o relatório assinado pelo delegado Paulo Gondim, da Polícia Civil de Pernambuco.
Em outro trecho do relatório, os investigadores da Polícia Civil afirmam que, por meio da Esportes da Sorte, o esquema teria usado a Balada Eventos (de Gusttavo Lima) e outras duas empresas para lavagem de dinheiro.
Na última semana, em publicação nas redes sociais, o cantor informou que “a Balada Eventos foi inserida no âmbito da operação simplesmente por ter transacionado comercialmente com essas empresas investigadas”.
“Houve excesso, sim, por parte da autoridade. Poderia ter sido emitida uma intimação para que a Balada Eventos prestasse conta dos valores recebidos dessas empresas”, escreveu.
O advogado Cláudio Bessas, que defende a Balada Eventos, afirmou, em nota divulgada em 8 de setembro, que a venda do avião “seguiu todas as normas legais” e que “isso está sendo devidamente provado para a autoridade policial e o Poder Judiciário”.
“Gusttavo Lima apenas mantém contrato de uso de imagem em prol da marca VaideBet”, diz trecho da nota.
“A Balada Eventos e Gusttavo Lima não fazem parte de nenhum esquema de organização criminosa de jogos ilegais e lavagem de dinheiro”, completa a manifestação da defesa.
Em nota, a defesa de Rocha Neto e de Aislla informou que os dois “não praticaram qualquer ilegalidade e isso será demonstrado com fatos e documentos na investigação” e que “a medida de prisão não se justifica”.
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