Lula acertou ao dizer que falta “coragem e ousadia” à ONU, mas a imprensa resolveu criticar o discurso

 
No domingo (22), em seu primeiro discurso em Nova York, onde participará da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Pacto para o Futuro, documento a ser assinado pelos líderes globais, aponta o caminho a ser seguido, mas que falta “ambição e ousadia” para que a entidade consiga cumprir seu papel.

De acordo com Lula, a crise da governança global requer transformações estruturais e citou os recentes conflitos armados existentes no planeta atualmente.

“A pandemia, os conflitos na Europa e no Oriente Médio, a corrida armamentista e a mudança do clima escancaram as limitações das instâncias multilaterais. A maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir as suas decisões. A Assembleia Geral perdeu sua vitalidade e o conselho econômico e social foi esvaziado”, disse Lula ao discursar na Cúpula do Futuro.

No ano passado, o Brasil não conseguiu aprovar uma Resolução no Conselho de Segurança da ONU sobre o conflito envolvendo Israel e o grupo palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza. Na ocasião, o voto dos Estados Unidos – membro permanente – inviabilizou a aprovação, mesmo após longa negociação da diplomacia brasileira.

Outras resoluções apresentadas também fracassaram, seja por votos contrários dos Estados Unidos, seja da Rússia, também membro permanente. De acordo com as regras do Conselho de Segurança, para que uma Resolução seja aprovada, é preciso o apoio de nove do total de 15 membros, sendo que nenhum dos membros permanentes pode vetar o texto.


 
Como sempre, a mídia não demorou para criticar a fala do presidente brasileiro, emprestando a seu discurso adjetivos que coadunam com os que optam pelo conhecimento raso da real situação global.

Gostem ou não, Lula agiu de forma coerente ao afirmar que falta à ONU “coragem e ousadia”. Quando o Conselho de Segurança é refém de eventual veto de um dos membros permanentes é porque a guerra interessa a alguns, talvez a muitos. Há nesse jogo facinoroso envolvendo guerras interesses múltiplos e escusos, que não levam em conta os direitos daqueles que são vítimas da barbárie institucionalizada.

Qualquer proposta de acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia será vetada pelo governo criminoso de Vladimir Putin, que age deliberadamente como um ditador. O mesmo acontece em relação a um acordo entre o Hamas e Israel. O governo do genocida Benjamin Netanyahu suga mais de US$ 4 bilhões por anos dos EUA em recursos e armamentos. Isso porque Washington teme a truculenta teocracia iraniana, que financia o Hamas e o Hezbollah, grupo radical libanês.

O governo do presidente Joe Biden anunciou que os EUA reforçarão o contingente militar americano no Oriente Médio, certamente para defender Israel e o crápula de plantão, Benjamin Netanyahu. Atualmente, os Estados Unidos têm 4.000 militares que atuam em bases norte-americanas espalhadas pelo Oriente Médio.


 
Nesta segunda-feira (23), ao discursar em evento em Nova York, Lula foi certeiro ao dizer que “a ONU não tem coragem de criar o Estado Palestino”.

“O mundo está desgovernado. Ninguém respeita ninguém. A ONU, quando foi criada, tinha 51 países que eram sócios da ONU. Agora tem 193. Significa que mais de 140 não participaram quando ela foi criada. E a ONU, que quando foi criada, teve força para criar o Estado de Israel, não tem coragem de criar o Estado Palestino”, afirmou o presidente no evento.

“A ONU não consegue, não tem força para decidir. Não precisaria ter tido a guerra da Rússia com a Ucrânia, não precisaria ter tido o genocídio na Faixa de Gaza, não precisaria ter tido a invasão da Líbia, a guerra do Iraque. Tudo isso poderia ter sido evitado se a ONU cumprisse com a sua tarefa de ser uma espécie de governança mundial”, afirmou Lula.

Sobre a invasão ao Iraque, ocorrida durante o governo de George Walker Bush, a responsabilidade pela tragédia em território iraquiano é do inescrupuloso Dick Cheney, à época vice do “Baby Bush”. Ex-CEO da empresa petrolífera Halliburton, Cheney alimentou a possibilidade de invadir o Iraque desde o governo de George Bush, o pai, a quem serviu como assessor especial. É importante lembrar que a queda de Saddam Hussein abriu caminho para o surgimento do Estado Islâmico (ISIS ou Daesh).

Aos que têm interesse em compreender a atuação de Dick Cheney nos bastidores da operação que resultou na invasão ao Iraque, o UCHO.INFO sugere o filme “Vice”, do diretor Adam McKay e com performance extraordinária de Christian Bale no papel de Cheney. O filme está disponível na Amazon Prime, mas sairá da grade no final de setembro.


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