Candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, o “paraquedista marginal” Pablo Marçal, que ficou fora do segundo turno, divulgou nas redes sociais laudo médico falso para prejudicar a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL).
O documento, produzido de forma criminosa e às pressas, afirma que Boulos teria sido internado em uma clínica médica de São Paulo com surto psicótico decorrente do uso de cocaína. O laudo foi analisado pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil de São Paulo, que comprovou a falsidade do laudo médico.
A polêmica dominou as últimas horas que antecederam o processo de votação. Essa investida irresponsável de Marçal lhe tirou a possibilidade de passar ao segundo turno. Nos bastidores da campanha de Ricardo Nunes, atual prefeito paulistano, havia o temor de que o emedebista tropeçasse no primeiro turno.
O laudo apócrifo mostra que Boulos teria sido atendido na unidade do bairro do Jabaquara da rede de clínicas “Mais Consulta”, cujo dono, Luiz Teixeira da Silva Júnior, foi condenado pela Justiça Federal por falsificação. Silva Júnior é apoiador de Marçal e já apareceu em diversos vídeos ao lado do candidato do PRTB.
O médico que teve o nome foi inserido no laudo falsificado é José Roberto de Souza (CRM 17064-SP), que morreu em 2022, de acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM). A filha de Souza não apenas destacou a grosseira falsificação, mas ingressou na Justiça com pedido de inelegibilidade de Marçal. Ao Judiciário, Carla Maria de Oliveira e Souza pede que caso a inelegibilidade de Marçal não seja declarada, que os votos por ele recebidos tenham a eficácia anulada.
Luiz Teixeira é sócio da clínica Mais Consulta desde agosto de 2016, quando foi inaugurada. Nas redes sociais, ele afirma ser patologista clínico e perito judicial e ostenta fotos com o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o governador Tarcísio de Freitas.
Alarife conhecido, Marçal tentou se eximir da responsabilidade alegando ter recebido o laudo falsificado das mãos de Silva Júnior e que apenas divulgou o documento. Mesmo assim, Marçal disse, no último sábado (5), que não se arrepende de ter divulgado o laudo falsificado. A divulgação de dados falsos configura crime e Marçal, com sua declaração, é réu confesso.
Com Marçal fora do segundo turno, Luiz Teixeira agora afirma que nunca atendeu o candidato derrotado do PRTB em sua clínica e que o médico José Roberto de Souza, cujo nome aparece no laudo falsificado, jamais trabalhou na Mais Consulta.
Marçal não era apenas paciente de Luiz Teixeira da Silva Júnior, biomédico e proprietário da Mais Consulta, onde o laudo falso foi produzido. O candidato derrotado realizou procedimento de harmonização facial em outubro de 2021 com Silva Júnior.
Em nota enviada ao portal UOL, a defesa do proprietário da Mais Consulta afirmou que “o Dr. José Roberto de Souza nunca trabalhou ao seu lado, assim como nunca prestou atendimento ao Sr. Guilherme Castro Boulos em sua clínica, ressaltando que o seu nome – e o de suas empresas – foram utilizados sem o seu consentimento por pessoa que lhe é desconhecida”.
Desde a divulgação do documento nas redes sociais, especialistas em Direito alegaram que, com base na legislação eleitoral, não era possível efetuar prisão do candidato do PRTB nos dias que antecedem a votação, exceto em flagrante delito. É importante ressaltar que no caso em questão a prisão era possível, pois na internet o crime é continuado, ou seja, o flagrante não cessa.
Em que pese o fato de Marçal alegar que apenas divulgou o laudo criminoso, o candidato derrotado e o dono da Mais Consulta deveriam estar presos. Pablo Marçal, que provocou um racha na extrema direita e mirava as eleições de 2026, será processado, condenado e ficará inelegível, para o bem da democracia.
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