O ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou nesta quinta-feira (17) que as tropas israelenses na Faixa de Gaza mataram o principal líder do grupo extremista Hamas, Yahya Sinwar.
Ele foi um dos responsáveis por arquitetar o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que deixou 1,2 mil israelenses mortos e capturou 250 reféns. Sinwar coordenava há anos a ala militar do grupo no enclave palestino e, em julho, assumiu a liderança do grupo. Sinwar estava no topo da lista de pessoas mais procuradas por Israel desde o começo da guerra.
“Sinwar foi eliminado após um ano em que se escondeu no coração da população civil na Faixa de Gaza, e em esconderijos subterrâneos nos túneis do Hamas. Dezenas de ações realizadas pelas FDI e pelo Shin Bet [serviço secreto israelense] no último ano e nas últimas semanas na área onde foi morto, reduziram a área de atividade de Yahya Sinwar, que foi perseguido pelas forças, e levaram à sua morte”, disse o porta-voz das Forças de Defesas de Israel (FDI), Daniel Hagari.
De acordo com Israel, Sinwar morreu durante uma operação terrestre de militares israelenses na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, quando três militantes do Hamas foram mortos. O Exército israelense diz que realizou testes de DNA e de compatibilidade de arcada dentária para confirmar a identidade do chefe do Hamas.
Vitória para Netanyahu?
A morte de Sinwar é considerada uma vitória das Forças Armadas de Israel e do primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu.
As forças israelenses acreditavam que os reféns estariam juntamente com Sinwar, como espécie de escudo, mas após o ataque não houve comprovação desse cenário. Em suma, a aludida vitória de Netanyahu, o genocida, é questionável, pois os reféns continuam nas mãos do Hamas.
O ministro do Exterior israelense, Israel Katz, disse que o ataque foi uma vitória militar e moral para o país. “O assassinato de Sinwar abre a possibilidade imediata de liberar reféns e promover uma mudança que levará a uma nova realidade em Gaza – sem o Hamas e sem o controle iraniano”, disse ele, em comunicado.
Acredita-se que Sinwar, nomeado líder geral do Hamas após o assassinato do chefe político Ismail Haniyeh em Teerã, em julho, estava escondido no labirinto de túneis que o Hamas construiu sob Gaza nas últimas duas décadas.
Sua morte pode aumentar as hostilidades no Oriente Médio, onde a perspectiva de um conflito ainda maior cresceu.
Ele foi escolhido como líder máximo do Hamas em julho deste ano, depois que seu antecessor, Ismail Haniyeh, foi assassinado em ataque atribuído à Israel na capital iraniana, Teerã.
O relato de sua morte ocorre em meio a uma ofensiva israelense no campo de refugiados de Jabalia, no norte de Gaza. Na quinta-feira, um ataque atingiu uma escola que abrigava palestinos desabrigados, matando pelo menos 28 pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. Segundo a pasta, cerca de 42 mil palestinos morreram no último ano de guerra.
Quem foi Sinwar
Sinwar nasceu em 1962 no campo de refugiados de Khan Younis, em Gaza, em uma família que estava entre os milhares de palestinos expulsos de uma região conquistada por Israel durante a guerra de 1948. Ele foi um dos primeiros membros do Hamas, que surgiu do ramo palestino da Irmandade Muçulmana, em 1987, quando Gaza estava sob ocupação militar israelense.
Entre os palestinos, ele era respeitado por permanecer em Gaza, em contraste com outros líderes do Hamas que vivem mais confortavelmente no exterior.
O líder do Hamas jamais procurou construir uma imagem pública. Ele era conhecido como o “Açougueiro de Khan Younis” por sua abordagem brutal com os palestinos suspeitos de colaborar com Israel.
Sempre desafiador, Sinwar encerrou um de seus poucos discursos públicos convidando Israel a assassiná-lo.
Preso por Israel no final da década de 1980, ele admitiu em interrogatório ter matado 12 palestinos que supostamente colaboraram com Israel. Ele acabou sendo condenado a quatro prisões perpétuas por crimes que incluíam o sequestro e assassinato de dois soldados israelenses.
Na prisão, ele se tornou o líder das centenas de membros do Hamas que estavam encarcerados. Sinwar organizou greves, aprendeu hebraico e estudou a sociedade israelense.
Em 2008, Sinwar sobreviveu a uma forma agressiva de câncer cerebral após tratamento em um hospital de Tel Aviv e, três anos depois, foi libertado juntamente com outros mil prisioneiros em troca de Gilad Schalit, um soldado israelense capturado pelo Hamas.
Em 2017, foi eleito chefe do escritório político do Hamas em Gaza, antes de assumir o cargo máximo do grupo.
O irmão de Yahya, Mohammad Sinwar, segue vivo e continua operando como uma das lideranças do Hamas. (Com Deutsche Welle)
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