Questionado nesta quinta-feira (24) sobre a entrada da Venezuela no BRICS, cuja indicação foi barrada pelo Brasil, o presidente russo Vladimir Putin ser mostrou favorável à ideia.
“Nossas posições não correspondem com a do Brasil em relação à Venezuela. Falo isso abertamente, nós falamos sobre isso por telefone com o presidente do Brasil, com quem eu tenho uma relação muito boa”, disse Putin respondendo à pergunta de uma jornalista da TV Globo, segundo o portal g1.
A declaração foi feita no encerramento da Cúpula do BRICS, realizada em Kazan, na Rússia.
Venezuela e Nicarágua foram excluídas, a pedido do Brasil, de uma lista prévia de países candidatos ao status de parceiros do grupo que reúne as principais economias emergentes do planeta. Esses países poderão participar dos encontros, mas não terão direito a voto em questões sensíveis.
A lista oficial de associados não foi divulgada oficialmente, mas 13 nomes foram ventilados: Argélia, Belarus, Cuba, Bolívia, Indonésia, Malásia, Turquia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria e Uganda.
O presidente venezuelano Nicolás Maduro chegou a aparecer de surpresa em Kazan para pressionar pela incorporação de seu país.
A relação bilateral entre Caracas e Brasília deteriorou desde que a diplomacia brasileira passou a cobrar transparência de Maduro por ter se proclamado reeleito em um processo amplamente rechaçado pela comunidade internacional.
“Nós acreditamos que o presidente Maduro venceu a eleição, de forma honesta”, afirmou Putin, acrescentando ter certeza de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidaria “com essa situação [tensões com a Venezuela] de maneira objetiva”.
Dilma de novo na presidência do banco do BRICS
Putin também confirmou nesta quinta que ofereceu ao Brasil manter a chefia do banco do BRICS por mais cinco anos, sob a batuta da ex-presidente Dilma Rousseff – o mandato termina em julho de 2025.
Na opinião do mandatário russo, como o país dele está em guerra com a Ucrânia, ter uma liderança russa à frente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês) poderia causar problemas na condução da instituição financeira.
“Não queremos transferir todos os problemas que estão associados à Rússia para instituições em cujo desenvolvimento nós próprios estamos interessados. Nós lidaremos com nossos problemas e cuidaremos deles nós mesmos”, disse durante coletiva de imprensa após o encerramento da cúpula do BRICS.
As regras do banco estabelecem que cada país-membro do BRICS indica o presidente da instituição para mandatos de cinco anos. Pelo rodízio entre os países membros, a próxima indicação para presidência do NDB é da Rússia.
Dilma assumiu o NDB em março de 2023 no lugar de Marcos Troyjo, também brasileiro e indicado pelo governo de Jair Bolsonaro.
O NDB tem atualmente cerca de 100 projetos financiados que somam aproximadamente 33 bilhões de dólares (R$ 187 bilhões). O banco tem um papel central na estratégia do bloco de ampliar os investimentos nos países do bloco e do Sul Global.
Na cúpula do BRICS deste ano, Dilma foi recebida por Putin e defendeu a expansão do grupo e o uso de moedas locais para o financiamento dos países. (Com Deutsche Welle e agências de notícias)
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