Contrariando todas as pesquisas eleitorais sobre a disputa pela Casa Branca, o republicano Donald Trump venceu com folga a oponente Kamala Harris, atual vice-presidente dos Estados Unidos e candidata do Partido Democratas. Trump conquistou, até o momento, 277 dos 538 delegados do colégio eleitoral, contra 224 de Kamala. No voto popular, o republicano obteve 70 milhões de votos, ao passo que a candidata democrata alcançou 65 milhões de votos.
“Fizemos história. É uma vitória política que nosso país nunca viu antes. Deus poupou minha vida por uma razão e essa razão foi para salvar nosso país”, disse Trump em discurso, na Flórida, durante a madrugada desta quarta-feira (6), após sair vitorioso em vários estados-chave na disputa.
A força dos republicanos de Trump também falou mais alto na disputa pelo Senado, com o partido obtendo 51 dos 100 assentos e retomando o controle da Casa. Projeções também indicam que os republicanos devem manter sua maioria na Câmara dos Representantes. Com esse cenário, o próximo presidente dos Estados Unidos conseguirá com facilidade aprovar projetos polêmicos, como, por exemplo, a deportação de imigrantes e a construção de um muro na fronteira com o México, país a quem Trump promete fazer duras cobranças nesse segmento. O republicano também conseguirá emplacar novos juízes conservadores na Suprema Corte.
Outro tema que deve voltar à cena política americana é a questão que envolve as mudanças climáticas. Em seu primeiro governo, Trump tirou os EUA do Acordo de Paris, algo que pode acontecer novamente, após o país retornar ao acordo entre nações pelas mãos do presidente Joe Biden. Também é possível que o novo presidente estadunidense retire subsídios da geração de energia renovável, priorizando os setores de carvão, gás e petróleo.
Na geopolítica a preocupação é ainda maior. Afinal, Trump, que no primeiro mandato foi afável com o governo tirano do russo Vladimir Putin, deve cortar o apoio financeiro à Ucrânia, que resiste à investida de Moscou no âmbito de guerra iniciada em 24 de fevereiro de 2022.
Também no campo da geopolítica, o retorno de Donald Trump à Casa Branca trará à discussão a redução dos investimentos americanos na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), aliança militar do Ocidente. Não se deve descartar a saída dos EUA da OTAN. Caso esse cenário se confirme, a União Europeia e alguns importantes aliados dos Estados Unidos – França e Reino Unido – terão de se movimentar rapidamente para garantir a segurança da região. Afinal, Putin se sentirá confortável para retomar as ameaças ao Ocidente.
Em relação ao Oriente Médio a situação é mais preocupante. Genocida, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tem boas relações com Trump, que tem declarada simpatia pelo governo de Tel Aviv. Netanyahu avançará em seu projeto beligerante como forma de manter-se no poder e, ato contínuo, escapar da prisão por acusações de corrupção, tráfico de influência e suborno. Na melhor das hipóteses, caso condenado, o atual primeiro-ministro israelense passaria ao menos dez anos atrás das grades.
Tal quadro levaria à dizimação da Faixa de Gaza, enclave palestino que é palco do maior genocídio da história desde o Holocausto, gostem ou não os judeus, que, à sombra do sionismo, insistem em fomentar os crimes de guerra cometidos por Netanyahu e sua trupe.
A situação certamente piorará na região, pois Donald Trump investirá contra o Irã, que financia, arma e treina grupos radicais como o Hamas e o Hezbollah. Isso significa que o Líbano, que vem sendo bombardeado por Israel, não conseguirá tão cedo se livrar da catástrofe imposta por Netanyahu.
No tocante ao território sírio, que também tem sido atacado por Israel, Trump será mais cauteloso, já que o ditador Bashar al-Assad conta com o apoio declarado da Rússia, com quem o próximo presidente americano mantém relações cordiais.
A manutenção da instabilidade no Oriente Médio interessa à indústria bélica dos Estados Unidos, por essa razão a guerra deve continuar nos países citados. Ao mesmo tempo, se a política de Estado americana prevê a alocação de contingentes militares para, em tese, manter a segurança na região, Trump já prometeu reduzir os gastos com guerras.
No contraponto, mesmo não rezando pela cartilha de Xi Jinping, o próximo inquilino da Casa Branca não entrará em rota de colisão com o governo chinês, apesar das controversas divergências no campo econômico. É importante salientar que a economia chinesa, em termos de Paridade de Poder de Compra (PPC) era, em 2022, 23% maior que a dos Estados Unidos.
No setor geopolítico, especificamente na Ásia, o Estado americano não reconhece a independência de Taiwan, ou seja, entende que o território é parte integrante da China, mas os Estados Unidos continuam vendendo armamentos para o governo taiwanês.
Resumindo, Donald Trump foi eleito democraticamente. Os eleitores americanos aceitaram a proposta de instalar o caos no planeta a partir de Washington. Isso terá um preço caro, que será sentido em breve e pago pelas próximas gerações. Afinal, longe do pragmatismo e da diplomacia, Trump é, analogamente, o sujeito que ao invés de consertar a cerca do quintal prefere demolir a casa.
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