A Polícia Federal informou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça (19), que o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid descumpriu cláusulas do acordo de colaboração premiada firmado no âmbito de investigações que miram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em relatório, a PF aponta que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro violou cláusulas do acordo de delação. O documento foi encaminhado para análise do ministro do STF, relator do inquérito sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Moraes consultará a Procuradoria-Geral da República sobre rescisão dos benefícios, mas tem a prerrogativa de decidir contrariamente ao parecer da PGR.
Mauro Cid prestou depoimento à PF nesta terça-feira sobre plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio Alexandre de Moraes. Ele alegou desconhecer o plano golpista, que teve a anuência de Bolsonaro. Insatisfeitos com o teor do depoimento, os investigadores informaram a Moraes a violação das cláusulas do acordo de delação premiada.
O depoimento de Cid ocorre após a PF recuperar informações que estavam no aparelho do militar, mas foram apagadas. Ele foi convocado para prestar esclarecimentos porque apagou os dados, que culminaram com a Operação Contragolpe. Os dados foram recuperados com o uso de um equipamento militar israelense.
Com autorização do ministro Alexandre de Moraes, a PF prendeu preventivamente cinco pessoas suspeitas de envolvimento no plano golpista. São quatro militares dos chamados “kids pretos”, as Forças Especiais do Exército, e um policial federal que tramaram um golpe após o resultado da eleição presidencial de 2022.
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Os militares presos são Hélio Ferreira Lima, Mario Fernandes, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo. Também é alvo Wladimir Matos Soares, policial federal. Moraes derrubou o sigilo da decisão que determinou a operação da PF.
Mauro Cid aparece na nova investigação da PF. Os documentos apreendidos com o general Mário Fernandes apontam que ele esteve no encontro que planejou as execuções. O tenente-coronel foi responsável pela delação premiada que implicou Bolsonaro no âmbito das investigações sobre a fraude em certificados de vacinação contra a Covid-19 e a tentativa de golpe de Estado, tramada pelo núcleo duro do governo anterior.
Cid teria participado de reuniões na casa do general da reserva Walter Braga Neto, onde o golpe teria sido gestado. O tenente-coronel também estaria no Palácio do Planalto, assim como Bolsonaro, quando o documento sobre o golpe foi impresso pelo general Mário Fernandes.
O ex-ajudante de ordens recebia informações sobre o monitoramento de Moraes, Lula e Alckmin. Trocas de mensagens entre os investigados, divulgadas pela PF, mostram que os codinomes “professora”, “Jeca” e “Joca” eram utilizados para se referir ao ministro do STF, ao presidente da República e ao vice, respectivamente.
Colocado em liberdade em maio passado, após ser preso em março, Mauro Cid corre o risco de retornar à prisão por descumprir as regras do acordo de colaboração premiada. Caso isso se confirme, novas informações sobre o plano golpista virão à tona.
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