Hediondos, vendilhões do jornalismo ousam defender Bolsonaro e desqualificar plano golpista

    (*) Ucho Haddad

    Nada é mais asqueroso do que jornalista defendendo golpistas. Liderada por Jair Bolsonaro, a quadrilha que planejou assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com direito a golpe de Estado na sequência, deveria estar atrás das grades. Nesse rol estão inclusos Walter Braga Netto e Augusto Heleno, “generais de pijama” que diuturnamente chafurdam no cocho do golpismo.

    Horas após a deflagração da Operação Contragolpe, da Polícia Federal, que na terça-feira (19) prendeu um agente da corporação e quatro militares de alta patente, todos envolvidos no projeto criminoso, começou a circular entre integrantes da Polícia Militar paulista o discurso farsesco de que o episódio ocorrera em 2022 e a PF estaria “armando” para desacreditar Bolsonaro e seu bando.

    Consultado sobre o assunto, afirmei que se tratava de tese absurda e sem qualquer fundamento, pois a Polícia Federal colocou em marcha a Operação Contragolpe depois de analisar dados obtidos durante as investigações, em especial informações extraídas de celulares apreendidos em operações anteriores. Dados apagados por Mauro Cid foram recuperados pela PF e podem mandar pelos ares o acordo de colaboração premiada firmado pelo ex-estafeta de Bolsonaro. Em outras palavras, o borra-botas bolsonarista terá mais uma vez o privilégio de contemplar o nascer do sol de forma geometricamente distinta, o popular “sol quadrado”.

    Se a tese mentirosa que ganhou força entre os PMs paulistas, sabidamente bolsonaristas, causa monumental espanto ver jornalista alegando que troca de mensagens e o plano de assassinar autoridades não representam intenção real de golpe. Somente um delinquente intelectual, a serviço do golpismo, é capaz de tal desvario.

    Que uma parcela da imprensa nacional atua para defender os interesses canhestros dos fracassados artífices do golpismo todo brasileiro de bem sabe, mas afirmar que não há provas de um crime incontestável é abusar da capacidade de raciocínio da população. Considerando que o próprio Mauro Cid é réu confesso, não há espaço para contestações de qualquer matiz. Além disso, o depoimento do ex-ajudante de ordens palaciano ao ministro Alexandre de Moraes possivelmente piorará a situação difícil de um criminoso.

    O dinheiro imundo dos golpistas e seus apoiadores faz a alegria dos proxenetas do jornalismo verde-louro, que por polpudas quantias vendem a própria consciência. Por essa e outras razões alguns veículos da imprensa brasileira me causam engulhos. Acompanho tais publicações por dever de ofício e para saber o tamanho da ousadia dos vendilhões, mas confesso que faço isso com o nariz tampado por causa do olor que emana dos textos delirantes.

    As investigações demonstraram a existência de um plano para assassinar Lula, Alckmin e Moraes, mas para a energúmena extrema-direita tudo não passou de um punhado de conjecturas. Provas colhidas pela PF mostram que o ministro do STF por pouco não foi preso e executado, mas na estira da delinquência intelectual o bolsonarismo prefere apostar na vitimização, como se a verdade dos fatos não falasse por si só.

    Os que defendem o indefensável agem de maneira sórdida e rasteira imaginando que a disseminação da mentira, no melhor estilo do nazista Joseph Goebbels, evitará a condenação e a consequente prisão de Jair Bolsonaro e sua pandilha, algo tido como certo e absoluto.

    Durante anos a fio fui perseguido por ser considerado falso jornalista pelo simples fato de ter nascido com vocação para escrever. A perseguição, justificavam os algozes de então, era porque não tinha esquentado o banco da faculdade. Diploma serve para nada quando se faz jornalismo de aluguel. Os rufiões da informação ganham muito dinheiro sendo desonestos consigo mesmos e com os leitores, mas não conseguem comprar o que me sobra: consciência tranquila, alma leve e sensação do dever cumprido.

    Escreveu o grande Mário Quintana em Poeminho do Contra: “Todos esses que aí estão atravancando meu caminho, eles passarão… Eu passarinho!”.

    Não faço jornalismo de encomenda, jamais tergiversei diante dos fatos e suas verdades, nunca temi poderosos e não me curvo diante de ameaças. Nutro repulsa por quem, à sombra de devastadora tibieza e pelo vil metal, defende o totalitarismo fingindo que carrega sobre a cabeça oca e doentia um barrete frígio.

    Encerro recorrendo à reação de Tancredo Neves, em 2 de abril de 1964, quando Auro Moura Andrade, presidente do Congresso Nacional, declarou vaga a Presidência da República e abriu caminho para o golpe militar: “Canalha! Canalha!”.

    (*) Ucho Haddad é jornalista político e investigativo, analista e comentarista político, fotógrafo por devoção.

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