Líder de um fracassado plano de golpe de Estado, Jair Bolsonaro sabe que é extremamente curto o caminho rumo ao Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.
Por ocasião da prisão do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, muitas foram a mensagens cifradas para que o ex-ajudante de ordens da Presidência da República evitasse um acordo de colaboração premiada. Diante do inevitável, as mensagens foram disparadas para que Cid revelasse apenas o necessário para garantir a prisão domiciliar.
Entre idas e vindas, Cid não teve alternativa, que não revelar as entranhas do plano golpista, o que levou muitos oficiais do Exército para a prisão. O primeiro militar graduado a ter a prisão decretada foi o general Mário Fernandes, idealizador do plano macabro batizado como “Punhal Verde e Amarelo”, que visava assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A família de Fernandes defende a adesão ao acordo de delação premiada, enquanto sua defesa prefere aguardar o desenrolar das investigações e de possível oferecimento de denúncias por parte da Procuradoria-Geral da República. Contudo, o fator tempo é preponderante na órbita da decisão de delatar os comparsas golpistas.
Na esteira da prisão de Mário Fernandes, que por enquanto está tomado por silêncio obsequioso, a decretação da prisão do general Walter Braga Netto acendeu a “luz vermelha” nas catacumbas do bolsonarismo.
Preocupado com uma quase iminente prisão, Jair Bolsonaro, que sempre tentou vender a imagem do corajoso maior – também ventilou ser “imbrochável, imorrível e incomível” –, agora publica mensagens enviesadas nas redes sociais, na expectativa de que o recado chega até Brag Neto, seu comparsa no plano golpista.
No final de semana, Bolsonaro postou a seguinte mensagem nas redes sociais: “Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?”.
A afirmação do ex-presidente golpista em relação ao inquérito da Polícia Federal é improcedente, uma vez que as investigações continuam em marcha. Como o inquérito sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 avançam, a possibilidade de Bolsonaro ser preso aumenta com o passar das horas.
A postagem nas redes sociais foi um apelo desesperado para que Braga Netto não opte por um acordo de colaboração premiada. A situação do general da reserva é extremamente delicada, em especial porque no último depoimento que prestou ao ministro Alexandre de Moraes, no escopo do acordo de delação, Mauro Cid revelou um cipoal de informações comprometedoras, as quais devem ser passíveis de comprovação.
Não por acaso, a partir das informações fornecidas por Cid e checadas pela PF é que foi decretada a prisão de Walter Braga Netto. Ainda é cedo para afirmar que Braga Netto optará por um acordo de delação, até porque ele está preso em condições especialíssimas: quarto privado, com banheiro privativo, ar-condicionado e televisão. Mesmo assim, como mencionado acima, o tempo atrás das grades tem efeitos colaterais inimagináveis.
Traduzindo para o bom e castiço idioma da pretérita Pindorama, Bolsonaro já não pode gazetear a falsa fama de invencível. Afinal, o quesito “imbrochável” por ora está suspenso. Além disso, nos intramuros de um presídio o enredo envolvendo as cidades bíblicas de Sodoma e Gomorra é coisa de principiante.
Bolsonaro precisa torcer para Braga Netto ao se empolgar com versículo João 8:32: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Em outras palavras, se um for libertado, outro será preso.
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