Bolsonaro recorre à ignorância para criticar prêmio de Fernanda Torres e o filme “Ainda Estou Aqui”

Há anos afirmamos que Jair Bolsonaro, o golpista fracassado, avança sem cerimônia sobre o terreno da delinquência intelectual. Inegável, seu baixíssimo grau de cognição permite questionar como alguém que chafurda na vala da boçalidade conseguiu chegar à Presidência da República. Cenário pior é a massa adestrada que considera Bolsonaro o maior de todos os políticos.

Em mais um vexatório espetáculo de ignorância, Bolsonaro usou as redes sociais para criticar, de forma indireta e inominada, a atriz Fernanda Torres, que conquistou o Globo de Ouro na categoria melhor atriz de drama por sua atuação no filme “Ainda Estou Aqui”, do diretor Walter Salles.

Em postagem no “X” (antigo Twitter), o ex-presidente afirmou que o governo Lula tem priorizado recursos federais para a Lei Rouanet em detrimento de investimentos na infraestrutura do País. A conquista de Fernanda Torres foi uma ducha de água fria nos extremistas de direita, pois o filme escancara a truculência empregada pela ditadura militar contra os opositores do regime, retratando barbaridades cometidas a mando facínoras, como tortura, sequestro e assassinato de civis, em alguns casos com o desparecimento dos corpos.

“O investimento em infraestrutura é rechaçado pela gestão Lula e, coincidentemente, jamais cobrado por outros governantes de outrora. Enquanto isso, a Rouanet?”, escreveu Bolsonaro. Nos comentários, a horda amestrada criticou a lei de incentivo fiscal para a cultura, sendo que muitos apoiadores, em inequívoco tom provocação, usaram fotos de Fernanda Torres com o prêmio.

O despreparo de Bolsonaro é avassalador, pois o filme “Ainda Estou Aqui” não captou recursos através da Lei Rouanet. O longa do diretor Walter Salles não tinha autorização para captar recursos por uma proibição da própria lei.

Desde 2007, a Lei Rouanet não autoriza financiamentos de longas de ficção. A lei original foi alterada naquele ano para determinar que apenas “obras cinematográficas de curta e média metragem, [além de] filmes documentais” podem captar recursos da Rouanet.

O deputado federal Mário Frias (PL-SP), bolsonarista que nega a prática de tortura e outros crimes durante a ditadura militar, também criticou o filme e a conquista de Fernanda Torres.

Causa espécie o fato de figuras públicas, com milhões de apoiadores ignaros, exerçam mandatos eletivos, como é o caso de Frias, ou tocam o “berrante do extremismo” para manter unida a malta de seguidores, como é o caso de Bolsonaro.

Muito além do merecidíssimo prêmio conquistado por Fernanda Torres, o filme “Ainda Estou Aqui” mostra a importância da democracia, que no Brasil continua sendo ameaçada por Jair Bolsonaro e seus quejandos.

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