Israel e Hamas chegaram a um acordo de cessar-fogo para encerrar o conflito na Faixa de Gaza após 15 meses de combates no enclave palestino, segundo anunciaram mediadores nesta quarta-feira (15).
O Hamas, grupo militante palestino dominante em Gaza, disse à agência de notícias Reuters que sua delegação havia dado aos mediadores aprovação final para o acordo de cessar-fogo e retorno dos reféns. Oficiais americanos também confirmaram que as negociações haviam sido concluídas.
Detalhes do acordo
O acordo descreve uma fase inicial de cessar-fogo de seis semanas e inclui a retirada gradual das forças israelenses de Gaza, a liberação de reféns mantidos pelo Hamas em troca de prisioneiros palestinos detidos por Israel e a entrada de ajuda humanitária no enclave.
Ao menos 98 reféns permanecem em Gaza, de acordo com as autoridades israelenses. Eles incluem israelenses e estrangeiros, civis e soldados, homens, mulheres, duas crianças e idosos. Acredita-se que cerca de metade deles esteja viva.
A primeira fase do acordo envolve a libertação de 33 destes reféns israelenses, incluindo todas as mulheres, crianças e homens com mais de 50 anos.
Mesmo que Israel e Hamas cumpram sua parte do acordo, novas negociações serão necessárias para a implementação de outras etapas para o encerramento definitivo do conflito.
As conversas sobre a execução da segunda fase do acordo, por exemplo, começarão até o 16º dia a partir da data de início do cessar-fogo, que ainda não está definida. Esta etapa deve incluir a libertação de todos os reféns restantes, um cessar-fogo permanente e a retirada completa das forças israelenses de Gaza.
Na terceira fase, Hamas e Israel devem permitir o retorno dos corpos de soldados e civis mortos e iniciar a reconstrução de Gaza, que será supervisionada pelo Egito, Catar e pela ONU.
O acordo também deve permitir que milhares de pessoas deslocadas em Gaza retornem às suas cidades de origem, grande parte destruídas pelo conflito.
Dezenas de milhares de mortos
As tropas israelenses invadiram a Faixa de Gaza após o Hamas atacar comunidades em Israel em 7 de outubro de 2023, matando 1.200 soldados e civis e sequestrando mais de 250 reféns israelenses e estrangeiros. O grupo palestino é tomado como uma organização terrorista por países como os Estados Unidos.
Já a campanha militar de Israel em Gaza matou mais de 46.000 pessoas, segundo dados do ministério da saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, deixando a região costeira em ruínas e deslocando a maior parte da população do enclave, de 2,3 milhões de pessoas.
O conflito se espalhou pelo Oriente Médio, com grupos apoiados pelo Irã no Líbano, Iraque e Iêmen atacando Israel em solidariedade com os palestinos.
O acordo ocorre após Israel matar os principais líderes do Hamas e do Hezbollah, do Líbano, em assassinatos que lhe deram vantagem estratégica.
Negociações
O cessar-fogo foi concluído após meses de negociações mediadas por Egito e Catar, com o apoio dos Estados Unidos, e ocorre pouco antes da posse de Donald Trump, presidente eleito dos EUA, em 20 de janeiro.
À medida que sua posse se aproximava, Trump repetiu exigências para que um acordo fosse feito rapidamente, alertando que haveria “consequências terríveis” se os reféns não fossem libertados. Seu enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff, trabalhou com a equipe do presidente americano Joe Biden para concretizar o acordo.
“Temos um acordo para os reféns no Oriente Médio. Eles serão libertados em breve. Obrigado!”, escreveu Trump nas redes sociais nesta quarta-feira.
O texto ainda precisa ser aprovado pelo gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, mas espera-se que entre em vigor nos próximos dias. (Com agências internacionais)
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