PGR se manifesta contra viagem do golpista Jair Bolsonaro aos EUA para a posse de Trump

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (15), documento contendo manifestação contrária à ida de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos para participar da cerimônia de posse de Donald Trump, na próxima segunda-feira.

No documento, Gonet afirmou que não foi demonstrada “necessidade básica, urgente e indeclinável” de o ex-presidente sair do país. O procurador-geral destacou que Bolsonaro não apresentou “fundamento de especial relevo que supere o elevado valor de interesse público que motiva a medida cautelar em vigor” e que a viagem desejada “pretende satisfazer interesse privado do requerente” e não se mostra imprescindível.

O chefe do Ministério Público Federal afirmou não ver interesse público na saída do ex-presidente do país e que Bolsonaro não exerce função que confira status de representação oficial do Brasil à sua presença na cerimônia nos Estados Unidos.

“O acolhimento do pedido, portanto, esbarra na falta de demonstração pelo requerente de que o interesse público que determinou a proibição da sua saída do país deva ceder, no caso, ao interesse privado do requerente de assistir, presencialmente, à posse do presidente da República do país norte-americano”, escreveu.

O passaporte de Bolsonaro está retido em decorrência das investigações das quais ele é alvo, incluindo a que trata da tentativa de golpe de Estado, em 8 de janeiro de 2023, trama arquitetada com antecedência pela cúpula do então governo.

A decisão final sobre a viagem cabe ao ministro Alexandre de Moraes (STF). A defesa de Bolsonaro solicitou permissão para o ex-presidente se ausentar do País de sexta (17) a quarta-feira (22) com o intuito de acompanhar a programação da posse de Trump.

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No último sábado (11), Moraes determinou a Bolsonaro o envio de documentos para comprovar o convite recebido, afirmando que não tinham sido informados os horários dos eventos nem a programação de cerimônias.

No despacho, Moraes disse que o convite incluído no pedido havia sido enviado ao e-mail do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, por um endereço eletrônico “não identificado” e sem detalhes das cerimônias.

Os advogados alegaram que o e-mail recebido por Eduardo Bolsonaro é um meio de “comunicação formal utilizado pela aludida equipe cerimonial”, e o uso de domínios online específicos e temporários é comum em eventos de posse presidenciais americanas.

“Prestigia-se a boa-fé do declarante, in casu, de que o convite enviado por e-mail oficial do comitê representado por Donald J. Trump é verdadeiro, justamente porque mentiras ou omissões propositadas podem levar a rigorosas consequências”, disseram os advogados.

Como afirmou o UCHO.INFO em matéria anterior, a estratégia da defesa de Bolsonaro para pedir a liberação do passaporte é marcada por impressionante amadorismo. Somente um incauto é capaz de acreditar no conteúdo de um e-mail mal escrito, com erros gramaticais grosseiros, e sem a formalidade que exige uma cerimônia de posse do presidente da maior potência econômica e militar do planeta.

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