Há anos, quando o UCHO.INFO afirmou que o avanço deliberado do crime organizado em São Paulo acontecia porque algumas autoridades de segurança pública davam cobertura, sempre com contrapartidas, muitos se apressaram em nos criticar. Além das fronteiras paulistas, alertamos as autoridades, mais de dez anos atrás, para a perigosa incursão de facções criminosas na Amazônia, algo ignorado naquele momento. Nada foi feito.
De igual modo, há quase 25 anos, afirmamos que o Estado brasileiro deveria se apressar para ocupar os espaços dominados pelo crime organizado, que sem a burocracia estatal criou um Estado paralelo. Com a atuação assustadora de criminosos, o Estado agora quer retomar os espaços dominados por facções em todo o País, tarefa nada fácil.
Desde a execução de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, que delatou integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e policiais paulistas, fica evidente que nossa alerta tinha procedência. A mais nova investida das autoridades contra policiais ligados ao PCC expõe o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, que continua no cargo porque o governador Tarcísio de Freitas não teve coragem, até o momento, para demiti-lo.
A grande imprensa, que necessita de manchetes impactantes para manter a roda da fortuna girando, agora se dedica a noticiar o que informamos há anos. Policiais militares e civis davam cobertura aos criminosos do PCC, fugindo às responsabilidades das respectivas funções e colocando a população em risco. Não é preciso qualquer esforço do raciocínio para perceber quando um policial atua fora dos limites da lei. Basta acompanhar sua evolução patrimonial e a mudança repentina de hábitos de consumo.
O mais novo capítulo da epopeia sobre a morte de Antônio Vinícius Gritzbach, executado na saída do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em novembro de 2024, tem como figura central o sargento da PM José Roberto de Souza Barbosa, conhecido como “Barbosinha”.
Em 5 de junho de 2021, no podcast “Papo de Rota”, apresentado por Guilherme Derrite, que à época exercia o mandato de deputado federal (PL-SP), o atual secretário de Segurança Pública destaca a amizade com Barbosinha.
No podcast, Derrite faz vários elogios a Barbosa, afirmando que o sargento “era um excelente patrulheiro, tem orgulho de ser amigo dele e de ter trabalhado com ele quase quatro anos no mesmo pelotão da Rota”. A informação foi publicada no portal UOL pelo jornalista Josmar Jozino.
O envolvimento de policiais com o crime organizado, em especial com o tráfico de drogas, não é novidade. Localizada na região central da capital paulista, a “Cracolândia” é controlada por policiais que dão proteção aos traficantes. Em alguns casos, policiais vendem drogas aos dependentes químicos. O avanço das investigações tem deixado muitos sem dormir, pois o escândalo está apenas no início.
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