Lula cede aos caprichos da primeira-dama e dá à oposição argumentos para críticas

O Brasil é refém de um calendário eleitoral que ultrapassa as fronteiras do absurdo. A cada dois anos, o País tem eleições, cenário que converge para decisões e articulações políticas que seguem na contramão dos interesses do brasileiro.

Em meados de 2026, ou seja, daqui a dezoito meses, será dada a largada oficial para a corrida ao Palácio do Planalto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que continua flertando com novo mandato, venceria a disputa se a eleição fosse hoje, de acordo com recentes pesquisas de opinião.

Afirmamos em diversas ocasiões que Lula sempre demonstrou invejável habilidade política, mas sua terceira passagem pelo Palácio do Planalto tem sido um inegável fracasso.

Avançando na segunda metade do atual mandato, Lula precisou colocar um marqueteiro à frente da Secretaria de Comunicação Social da Presidência – no caso Sidônio Palmeira – para tentar melhorar a imagem do governo. Tal decisão demonstra de forma clara que o governo vem tropeçando.

É verdade que as investidas da oposição, em especial dos adeptos do golpismo, são marcadas pela covardia, mas o governo Lula tem cometido deslizes desnecessários.

A viagem da primeira-dama Rosângela “Janja” Lula da Silva à capital italiana para participar, na condição de representante o governo, da abertura da Reunião do Conselho de Governança do Fundo Internacional do Desenvolvimento Agrícola (FIDA) é um escárnio.

Janja lidera uma comitiva de doze pessoas, que conta com a participação do ministro Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT-PI), já custou ao erário R$ 140.000,00, valor que pode ser maior por causa de diárias que variam de R$ 6 mil a R$ 17 mil.

Não se trata de questionar a participação do Brasil no evento, que tem relevância, mas enviar como representante do governo alguém que não tem cargo oficial é ignorar a capacidade de raciocínio do contribuinte.

De nada adianta o ministro Sidônio Palmeira trabalhar para mudar a imagem do governo, se por vaidade Janja assume uma função que não lhe cabe, mandando pelos ares todo e qualquer esforço da Secom. Não importa se Janja foi convidada pela organização do evento, pois em tempos de corte de gastos, despesas desnecessárias deveriam ser melhor avaliadas.

Com a inflação elevada, taxas de juro nas alturas e os preços dos alimentos em alta, o governo, nesse caso específico, oferece desnecessariamente munição à oposição, que usa do jogo rasteiro mirando as eleições de 2026.

Conforme excelente matéria do jornalista André Shalders, do Estadão, integram a equipe da primeira-dama a assessora de imprensa Taynara Pretto, o ajudante de ordens Edson Antônio Moura Pinto, o fotógrafo Cláudio Adão dos Santos Souza, a assessora Julia Camilo Fernandes Silva. Cada um recebeu R$ 6.033,63 em diárias.

Futurologia não é a especialidade do UCHO.INFO, mas são grandes e crescentes as chances de o governo Lula entrar em uma aspiral descendente.

Não é preciso doses extras de massa cinzenta para concluir que representante do governo é apenas quem tem cargo oficial. Se a presença do ministro do Desenvolvimento Social não era bastante, que a Embaixada brasileira em Roma destacasse servidor consular para representar de fato e de direito o Brasil.

Até onde se sabe, primeira-dama é figura meramente decorativa, status que, tudo indica, Janja rechaça. Em suma, o ministro Sidônio Palmeira terá muito trabalho até a próxima eleição presidencial.

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