Durante o seu governo, o pior da história nacional, Jair Messias Bolsonaro insistiu na retórica de que “jogava dentro das quatro linhas”, referência a suposto respeito à Constituição Federal. Quem lidera um plano golpista, que fracassou graças ao Supremo Tribunal Federal (STF), não pode falar em respeito à Carta Magna.
Nesta terça-feira (18), como noticiamos, Bolsonaro foi ao Senado para almoçar com líderes da oposição. O cardápio do regabofe foi o projeto de anistia aos que participaram dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
O ex-presidente afirmou estar tranquilo em relação à possibilidade de ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no âmbito da trama golpista, gestada em 2022. Bolsonaro disse aos jornalistas ter alcançado na Câmara dos Deputados os votos necessários para aprovar o projeto de anistia aos golpistas.
“Não tenho nenhuma preocupação quanto às acusações, zero. Estou aguardando chegar [a denúncia]. Espero que agora eu possa ter acesso aos autos. Você já viu a minuta de golpe, por acaso? Não viu. Eu também não vi. Já viu a delação do [Mauro] Cid? Você não viu. Estou aguardando”, declarou, sempre na esteira da vitimização.
O ex-presidente sabe que o projeto de anistia é inconstitucional e será facilmente derrubado no STF, mesmo que conte com os votos dos ministros que indicou à Corte.
Em relação à denúncia que será apresentada pelo PGR, Bolsonaro não está despreocupado, como alega. Fosse verdadeira sua afirmação, ele não teria retomado os ataques ao Judiciário, decisão que surpreendeu a equipe de defesa advogados que o defende e dividiu opiniões.
Opinião volátil
Responsável por coordenar a equipe de defesa de Bolsonaro, o criminalista Celso Vilardi, criticou forma clara, em várias ocasiões, o governo do ex-presidente, além de ter feito elogios à investigação da Polícia Federal sobre a tentativa de um golpe de Estado.
As críticas do passado destoam da estratégia que Vilardi pretende usar no STF para defender seu mais novo cliente. Apesar de ter afirmado que o ex-mandatário estimulava um golpe enquanto estava no poder, hoje o advogado sustenta que o cliente jamais participou da articulação do plano golpista.
Além disso, Celso Vilardi também endossou a “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito”, lida durante ato na Faculdade de Direito da USP, em agosto de 2022, em reação ao golpismo de Bolsonaro, que questionava o sistema eleitoral e ameaçava contestar o resultado do pleito.
O documento, que não citou explicitamente o ex-presidente, descrevia um “momento de imenso perigo para a normalidade democrática” e pedia união contra “retrocessos autoritários”.
Se ainda resta alguma dose de coerência a Celso Vilardi, o melhor a ser feito é explicar a Bolsonaro que o STF jamais restringiu o acesso aos autos da investigação sobre os atos golpistas. Sempre chafurdando na vala da mitomania, o golpista fracassado insiste em se fazer de vítima de perseguição. Tal estratégia é utilizada para manter unida e ruidosa a horda de apoiadores.
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