Dias após a imprensa do Brasil noticiar o caso de dois brasileiros que conseguiram escapar da KK Park, fábrica de fraudes em Mianmar, o governo tailandês anunciou nesta quarta-feira (19) o resgate de cerca de 7 mil pessoas que eram forçadas a trabalhar em locais do tipo no país vizinho, aplicando golpes online.
A Tailândia deflagrou uma ofensiva contra essas fábricas de fraude e, segundo a primeira-ministra Paetongtarn Shinawatra, o país se prepara para receber até 10 mil estrangeiros escravizados nesse esquema.
Essas fábricas de golpe estão instaladas não só em Mianmar, mas também no Camboja e no Laos, que nos últimos anos se transformaram em portos seguros para quadrilhas internacionais especializadas em crimes digitais. A Tailândia é uma das rotas usadas pelos criminosos para o tráfico humano.
Originárias de diversos países, as vítimas são atraídas por mentiras e falsas promessas de emprego. Uma vez consumado o sequestro, são forçadas a trabalhar para criminosos nesses centros de crimes cibernéticos. Reportagem da Deutsche Welle, publicada no início de 2024, já trazia relatos de prisioneiros que confirmavam torturas psíquicas e físicas sistemáticas.
A Organização das Nações Unidas calcula que mais de 120 mil indivíduos estão confinados nos centros de fraude online de Mianmar, num regime praticamente de escravidão. Muitos são chineses, mas há pessoas de diversas nacionalidades, inclusive do Brasil.
Em entrevista ao jornal “O Globo”, na última semana, a coordenadora da Exodus Road Brasil, Cintia Meirelles, havia informado que outros oito brasileiros seguiam sendo explorados pela máfia de golpes.
Vítimas com hematomas e marcas de queimaduras
De acordo com a agência de notícias AFP, que afirma ter visto alguns dos trabalhadores resgatados, uma das vítimas prestes a ser enviada à Tailândia estava repleta de hematomas, enquanto outras exibiam marcas de queimaduras.
Aparentemente, o resgate das vítimas é fruto de cooperação com uma milícia aliada à junta militar que governa Mianmar, país assolado há quase quatro anos por uma guerra civil. Um porta-voz dessa milícia confirmou à AFP a prisão de seis homens chineses que supervisionavam esses centros de fraude.
A Tailândia afirma ter cortado o fornecimento de energia, combustível e internet a algumas regiões de fronteira. (Com agências internacionais)
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