Governo Lula edita MP dos empréstimos consignados e segue na contramão do Copom

Ao longo dos dois primeiros anos do seu atual mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preferiu não enxergar a conhecida incompetência de ministros e assessores, ressalvadas algumas honrosas exceções. Nesse período, descontada a fase da chamada “lua de mel”, os índices de aprovação do governo e do próprio Lula entraram em espiral descendente.

Quando decidiu concorrer ao terceiro mandato, após ser condenado indevidamente no escopo da Operação Lava-Jato e preso de forma ilegal, Lula cometeu um erro: provar sua inocência e que ainda tinha condições de governar o País. Longe da seara do etarismo, em algum momento da vida o ser humano deve rever suas decisões, principalmente para evitar que a própria biografia vá pelos ares.

Por outro lado, Lula foi suficientemente corajoso para enfrentar um adversário do naipe de Jair Bolsonaro, golpista convicto e fracassado que agora trabalha nos bastidores pela aprovação do projeto de anistia aos delinquentes que tentaram abolir o Estado Democrático de Direito. Não fosse a disposição de Lula e a firmeza da Justiça, o Brasil estaria novamente vivendo tempos obscuros.

Diante de preocupantes índices de desaprovação popular, Lula e seus sequazes resolveram apelar ao populismo barato e irresponsável. Medidas tomadas recentemente não resolvem os problemas da economia nacional. Pelo contrário, criam problemas desnecessários.

A mais nova decisão do governo autoriza o mercado financeiro a conceder empréstimos consignados a trabalhadores contratados com base na Consolidação das Leis do Trabalho e a microempreendedores individuais (MEI).

A respectiva Medida Provisória vai na contramão do esforço do Banco Central para conter a inflação, pois estimula o consumo, algo que a autoridade monetária vem tentando conter por meio da elevação da taxa básica de juro (Selic). Não será com estímulos à economia que a inflação perderá força. Nesse cenário, o Copom será obrigado a elevar a Selic.

Com a Selic em alta, nenhum empresário investe no setor produtivo, pois é mais seguro investir em títulos do governo e correr riscos menores. Esse quadro leva ao caminho do desemprego, o que não é bom para um governo que, em tese, se esforça para dialogar com a população.

Experiente em termos políticos, Lula tinha ciência da extensão dos problemas que enfrentaria caso fosse eleito. Nenhum candidato à Presidência da República “embarca no escuro” em uma campanha eleitoral.

Para piorar o que já ruim, o presidente nomeou a deputada petista Gleisi Hoffmann para comandar a Secretaria de Relações Institucionais do governo. Gleisi, que promoveu uma revolução na presidência do Partido dos Trabalhadores, passou dois anos criando frentes de atrito com o ministro Fernando Haddad (Fazenda).

Em seu discurso de posse, na última segunda-feira (10), Gleisi Hoffmann prometeu defender a política econômica do governo e manter boas relações com os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Davi Alcolumbre e Hugo Motta, respectivamente.

De nada adianta o palavrório supostamente conciliador de Gleisi, enquanto o Congresso cobra do governo medidas que garantam o equilíbrio fiscal. Resumindo, Lula facilitou a vida da oposição. Por sorte, os oposicionistas, em especial os radicais de direita, estão perdidos e ocupados com o projeto de anistia e a inelegibilidade de Bolsonaro, o golpista.

Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.