Desesperados, bolsonaristas distorcem a verdade sobre condenação da pichadora do STF

O bolsonarismo, corrente radical que tem o golpista Jair Bolsonaro na proa, começou a balançar nas vagas provocadas pelos ventos do autoritarismo defendido pela extrema direita brasileira. O desespero que tomou conta da cúpula do movimento é notório e está explicitado em recentes manifestações do grupo.

A decisão do deputado federal Eduardo Bolsonaro, agora licenciado do mandato, de se refugiar nos Estados Unidos, depois de ter tolhido seu plano de assumir o comando da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, é um claro sinal de que o movimento começou a fazer água. Não por acaso, a insistência em aprovar o projeto de anistia aos envolvidos na trama golpista é outra demonstração de fragilidade.

Para engrossar o discurso falacioso de perseguição política, algo que inexiste em cenário de golpe de Estado, mesmo que a tentativa tenha fracassado, bolsonaristas usaram as redes sociais nos últimos dias para, novamente, disseminar informações falsas.

Os adeptos do golpismo criticaram a decisão dos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), de condenar a cabelereira Débora Rodrigues dos Santos a 14 nos de prisão em regime fechado por participação nos atos de 8 de janeiro de 2023. Débora já está presa.

Entre os crimes cometidos, Débora Santos também foi acusada de pichar a frase “Perdeu, mané” na estátua da Justiça, localizada em frente ao STF, durante os atos de vandalismo que faziam parte do plano golpista engendrado por Bolsonaro e seus asseclas.

“A ré Debora Rodrigues dos Santos confessadamente adentrou à Praça dos Três Poderes e vandalizou a escultura “A Justiça”, de Alfredo Ceschiatti, mesmo com todo cenário de depredação que se encontrava o espaço público”, escreveu Moraes.

Débora usou um batom para vandalizar a estátua, situação explorada covardemente pelos bolsonaristas em postagens nas redes sociais. Associar a condenação da cabeleireira apenas à pichação é demonstração de leviandade, assim como não se pode considerar um batom como arma. Mesmo assim, os bolsonaristas insistiram na absurda tese.

É importante lembrar que Débora Rodrigues dos Santos foi condenada por abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada. Resumindo, não foi somente o batom da cabelereira que pesou na decisão de condená-la à prisão.

O julgamento da cabeleireira acontece no plenário virtual da Primeira Turma do STF e iria até a próxima sexta-feira (28), mas o ministro Luiz Fux apresentou pedido de vista. O magistrado tem até noventa dias para analisar o caso e devolvê-lo para votação. Basta apenas um voto para confirmar a condenação de Débora Rodrigues dos Santos. Além de Fux, ainda não votaram Cármen Lúcia e Cristiano Zanin Martins.

Em nota, a defesa da cabeleireira classificou a decisão como “erro jurídico” e “perversidade”. “Condenar Débora Rodrigues por associação armada apenas por ter passado batom em uma estátua não é apenas um erro jurídico – é pura perversidade. Em nenhum momento ficou demonstrado que Débora tenha praticado atos violentos, participado de uma organização criminosa ou cometido qualquer conduta que pudesse justificar uma pena tão severa”, escreveram os advogados Hélio Júnior e Tanieli Telles.

Cabe aos advogados defenderem a cliente usando todos os argumentos, desde que a incoerência, atropelando o plausível, não abra caminho para negar a realidade dos fatos. Acreditar que Débora Rodrigues dos Santos estava por acaso na Praça dos Três Poderes e, aproveitando a baderna, decidiu pichar a estátua é ignorar a capacidade de raciocínio dos defensores da democracia.

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