Lula perdeu a chance de afastar Juscelino Filho, agora denunciado por corrupção com emendas

Até a chegada de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto, o Executivo Federal convivia com manifesta dependência da boa vontade de deputados e senadores, que acionavam o interruptor do escambo com mais ou menos intensidade, a depender da necessidade e da urgência do governo.

Depois da eleição de Bolsonaro, que demonstrou não ter aptidão para conduzir o Executivo, o Congresso transformou o governo federal em refém. Nesse cenário, prevaleceu um modelo de parlamentarismo informal, no qual o Congresso decide o futuro do País, sem assumir qualquer responsabilidade. Traduzindo, abocanha diuturnamente o bônus, sem ter de enfrentar o ônus.

Com a prevalência desse modus operandi, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi obrigado a aceitar um modelo criminoso de relação com o Congresso, algo que sempre denominamos como “banditismo político”.

Para garantir índice aceitável de governabilidade, Lula se viu obrigado a lotear o governo, entregando alguns dos 35 ministérios ao famigerado Centrão, o que há de mais peçonhento na política brasileira.

O mais recente escândalo nessa seara do inadmissível, mas há muito aguardado, é a denúncia enviada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil – MA), por corrupção com emendas parlamentares, enquanto cumpria mandato de deputado federal.

Escândalos envolvendo Juscelino Filho não são novidade, mas Lula preferiu manter o aliado à frente da pasta das Comunicações para garantir a aprovação de projetos de interesse do governo no Congresso.

Mesmo considerando a presunção de inocência, algo garantido pela Constituição Federal no artigo 5º inciso LVII, o presidente da República deveria ter afastado Juscelino Filho do cargo até a apuração das denúncias, como forma de dar ao governo doses de credibilidade.

O falecido Itamar Franco, então presidente da República, afastou enrique Hargreaves da chefia da Casa Civil por conta de denúncias de corrupção. Itamar deu carta branca à Polícia Federal para investigar as denúncias, ao mesmo tempo em que disse a Hargreaves, amigo de longa data, que ele retornaria ao posto se nada fosse encontrado.

A PF conclui que nada havia para incriminar Henrique Hargreaves, que reassumiu o comando da Casa Civil mais forte do que quando deixou temporariamente a pasta

No caso de Juscelino Filho, ao presidente Lula cabe aproveitar a cobrança pela reforma ministerial e demitir o titular das Comunicações, preservando a já desgastada imagem do governo.

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