(*) Marli Gonçalves
Tem tanta coisa “na moda” que a gente fica até atordoado, principalmente se tem uma invocação pessoal quanto ao termo que parece sugerir a obrigação de seguir o que ditam, seja por alguém, ou por alguéns, e esse mundo agora tá cheio deles: especialmente os que ganham com isso para lançá-las e depois mudar, trocar, tudo no tilintar de moedas.
Quando a gente fala em moda rapidamente se pensa mais em roupas, no vestir, mas abrange muito mais do que isso e se refere a algo que está acontecendo bastante, sendo comentado, se tornando um costume. Daí essa miríade de influenciadores, batalhões de toda sorte e temas nas redes sociais, com dancinha e sem dancinha, buscarem moldar coisas, hábitos, até decisões, como se testassem a sanidade geral.
A próxima semana começa a São Paulo Fashion Week, Outono/Inverno 2026; na moda tudo se adianta. A cidade vira um desfile, e os locais de desfiles, desfiles de pessoas “na moda”, seja o que entendem por isso. É até divertido ver a imaginação brotando, e também nas passarelas, cada dia mais tomadas pelos tais conceitos, alguns bem estranhos e muitos que nunca chegarão às ruas, até para o bem de nossos olhos. Os estilistas e produtores investem em shows, convites para famosos vestirem suas criações, estarem nas primeiras filas, e cada vez mais diversidade. Diversidade de tudo, mas de tudo mesmo, gêneros, sexual, corpos, idade, raças, tamanhos, alturas, medidas, cabelos, posturas. Acabou a exclusividade das e dos modelos profissionais. A coisa está a cada ano numa velocidade impressionante. Gostaria muito que toda essa coragem realmente existisse aqui fora, traria variedade e, enfim, liberdade.
Mas qualquer passeio batendo pernas para ver vitrines revela que ainda não é bem assim nem na vida nem no comércio, e que no geral a mesmice e caretice impera, o que é aceito, social, e claro, o que é mais barato, popular, acessível, porque os preços das roupas-conceito são para poucos, bem poucos, mais ainda nas grifes de luxo, e estas apresentam verdadeiras obras de arte em criações únicas. A moda precisa ser entendida como libertação, como mostra de personalidade, e será a mistura do possível para cada um o que acabará vingando, com todos se sentindo únicos, sem essa de seguir manadas. Já está acontecendo, de alguma forma.
Minha previsão. Como dizia, muita coisa “tá na moda”, além de estilos pessoais. Uma que inclusive pode aumentar a ansiedade geral além de divertir é essa: as previsões. As do tempo, nesse momento quase neurótico que passamos a viver com as crises climáticas, tomam a frente. Vai chover, cuidado. Faz Sol. Nada de chuva – e na tarde tempestades deixam a todos encharcados, paralisados, afundados.
Previsões econômicas parecem jogos de futebol de tantos chutes, já que dependem de tantos referenciais absurdamente intangíveis. Previsões políticas, especialmente inseguras em um país como nosso. Está até engraçado acompanhar as previsões mundiais, quanto tempo o Trump nos infernizará a todos, por exemplo, quanto resistirá.
Prever, tudo, esse poder que todos adoraríamos ter, mas que depende de tantos dons e fatores. E o que faz com que todos os temas – dos mais bobos aos mais sérios – acabem virando debates, discussões, apostas, nas conversas, ou que logo acabarão nas bolsas do mundo inteiro e nessas empresas, as bets, que infestam o mercado.
Pode apostar. Tá na moda. Aliás, como tudo é moda, faça a sua. Aposta e moda.
(*) Marli Gonçalves – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Site Chumbo Gordo, autora de “Feminismo no Cotidiano – Bom para mulheres. E para homens também”, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.
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