Trump decide manter tarifa de 104% à China, segundo maior credor da dívida norte-americana

Analisando pelo prisma da jogatina, caso os Estados Unidos fossem uma mesa de pôquer, o presidente Donald Trump está deliberadamente apostando contra a banca. Jogo arriscado, principalmente se considerarmos o fato de que os valores envolvidos são estratosféricos.

A irresponsável decisão de criar absurdas tarifas de importação para produtos de mais de uma centena de países pode se transformar em doloroso tiro no pé de Trump, que, como já afirmamos, está à frente de um governo esquizofrênico, pois a insistência em viver realidade paralela é inegável.

Trump tem blefado nos últimos dias, com o claro objetivo de desafiar a China, maior adversário comercial dos Estados Unidos. O presidente americano chegou a sinalizar eventual disposição para negociar com Pequim, mas tudo não passou de blefe. Afinal, o governo chinês afirmou que irá até o fim contra os EUA no terreno da guerra comercial. Por outro lado, a partir de quarta-feira (9) começa a valer tarifa de importação de 104% para produtos chineses.

“Idiota e imbecil”

Em outro vértice da confusão tarifária estão bilionários americanos bilionários que gastaram fortuns para apoiar a candidatura de Donald Trump, mas agora veem seus negócios “derreterem” na esteira da sangria registrada nas bolsas de valores. Os barões das grandes companhias de tecnologia estão desesperados diante de perdas bilionárias, que beira a impressionante marca de US$ 1 trilhão.

A preocupação das gigantes de tecnologia é tamanha, que Elon Musk – dono da Tesla, da plataforma X e da SpaceX – tenta convencer Trump a desistir do tarifaço. Em postagem na rede X, Musk chamou de “idiota e imbecil” o conselheiro econômico da Casa Branca, Peter Navarro.

A publicação de Musk foi uma resposta à declaração de Navarro durante entrevista à emissora de televisão americana CNBC, ocasião em que chamou o dono da Tesla de “montador de carros”.

“Quando se trata de tarifas e comércio, todos nós entendemos na Casa Branca — e o povo norte-americano entende — que Elon é um fabricante de automóveis, mas ele não é um fabricante de automóveis. Ele é um montador de carros”, afirmou, acrescentando que muitas peças da Tesla vêm de Japão, China e Taiwan, disse o assessor econômico de Trump.

Chumbo trocado

Brigas à parte, o ponto nevrálgico da aventura tarifária de Trump, com foco na China, é que dentro de algumas semanas começam a vencer os títulos da dívida americana. Segundo maior credor da dívida americana, a China tem em seu poder pouco mais de US$ 760 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA. Caso Pequim decida não aceitar a prorrogação do vencimento dos títulos, o governo americano terá de desembolsar o valor.

Tirante o Japão, maior credor internacional da dívida americana (com US$ 1,08 trilhão), Reino Unido, Luxemburgo, Bélgica, Canadá, França, Irlanda, Suíça, Noruega e Alemanha detêm, juntos, mais de US$ 3,1 trilhões em títulos do Tesouro estadunidense.

Esse é um assunto para o qual temos alertado faz muito tempo, mesmo antes do retorno de Trump à Casa Branca. Declarar guerra comercial ao restante do planeta, com credores internacionais prontos para uma reação trilionária, apenas para atender ao capricho de um irresponsável, não é a melhor receita para os EUA.

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