Jair Bolsonaro foi eleito à Presidência da República a reboque do ataque a faca de que foi vítima em 6 de setembro de 2018, em Juiz de Fora. Desde então, o golpista, que não segue as orientações médicas sobre alimentação, abusa da vitimização para sensibilizar sua horda de seguidores.
Internado na UTI do Hospital DF Star, em Brasília, onde foi submetido a cirurgia abdominal e desobstrução intestinal, Bolsonaro vem repetindo a cartilha do coitadismo, picadeiro para disparar críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), em especial ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito da trama golpista.
Bolsonaro, que se tornou réu juntamente com os integrantes da cúpula do golpismo, tem usado o hospital para passar a falsa ideia de que é alvo de perseguição política, tese que não condiz com a verdade dos fatos.
Após Bolsonaro fazer transmissão ao vivo na internet a partir do Hospital DF Star, para comercializar capacetes de grafeno com os filhos e o ex-piloto Nelson Piquet, o STF determinou a intimação do ex-presidente para contagem do prazo de 5 dias para que faça a defesa prévia na ação em que é acusado de tramar um golpe de Estado.
A exemplo do que acontece no universo da política, onde não há espaço para coincidências, a transmissão foi previamente planejada, com direito a posicionamento estratégica da câmera que gravou a intimação. Ao receber a oficial de Justiça o golpista, Bolsonaro reclamou do STF e do ministro Alexandre de Moraes. O ex-presidente criticou o fato de o prazo legal para defesa prévia começar contar com ele internado em uma UTI.
Nesta quarta-feira (23), o STF informou ter determinado a intimação de Bolsonaro na unidade após o ex-presidente gravar uma live em que comercializava capacetes de grafeno com os filhos e o ex-piloto de Fórmula 1, Nelson Piquet. Inicialmente, a Corte diz ter orientado a oficial de Justiça a aguardar data mais adequada para fazer a intimação.
“A senhora tem noção de que está uma sala de UTI do hospital?”, questionou Bolsonaro. A oficial responde que conversou com os diretores do hospital e com os advogados responsáveis pela defesa do ex-presidente. Os advogados comunicaram previamente o cliente, que armou o circo na UTI.
Em meio a pedidos de desculpas, o ex-presidente comparou a atuação da oficial da Justiça às pessoas que cumpriam ordens na Alemanha nazista. “Você só está cumprindo ordem aqui, mas o pessoal dos tribunais do Hitler também cumpriam sua missão: colocavam judeus na câmara de gás. Todos pagaram seu preço um dia. Não vai ser diferente no Brasil”, disse.
O ex-presidente passou a pressionar a oficial de Justiça para que ela lesse o nome do ministro do STF que determinou a intimação no hospital. A representante da Justiça explicou que o mandado de citação estava em aberto desde 11 de abril.
Oportunista da pior espécie, Jair Bolsonaro começou a questionar o processo no qual ele é acusado, mesmo sabendo que a oficial de Justiça, que cumpre determinação judicial, não tem qualquer relação com o trâmite da ação.
Durante a conversa, ele fala sobre seu estado de saúde. “Tive um procedimento invasivo hoje de manhã, que meu intestino não está funcionando. Infelizmente, vou para sala de imagem agora, aplico o contraste e poderia assinar mais tarde sem problemas. Mas como a senhora insistiu…”, afirmou o golpista.
Para quem pregou o mote “chega de frescura, de mi-mi-mi”, durante o auge da pandemia de Covid-19, Bolsonaro agora experimenta o veneno da própria pregação.
Com doses extras de paciência, a oficial explicou que às vezes é obrigada a dar notícias ruins aos intimados, mas lembrou que as informações constantes no mandado de citação são de conhecimento público e foram largamente divulgadas pela imprensa.
Em vez de protagonizar espetáculos patéticos, Jair Bolsonaro deveria se dedicar a provar em juízo a inocência que alega. O líder da trama golpista é um alarife conhecido, que insiste em frequentar o terreno da delinquência intelectual. A farsa no hospital foi tão grotesca, que somente a sucia bolsonarista será capaz de se comover.
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