Ilegal e acintoso, orçamento secreto inflacionou mercado eleitoral e levou custos de campanhas às alturas

No Brasil, escândalos na política são tantos em número e ousadia, que a memória do cidadão não consegue registrar todos os casos, impedindo que os protagonistas sejam devidamente cobrados. Absurdo e flagrantemente ilegal, o orçamento secreto veio para ficar, sem que a opinião pública tenha se importado com tamanha aberração. Emedas de comissão, emendas de relator, emendas PIX, tudo em nome da corrupção institucionalizada.

Em inequívoco desrespeito à decisão do Supremo Tribunal federal (STF), o governo do presidente Lula e o Congresso Nacional inseriram no Orçamento da União dispositivo que prevê R$ 8,5 bilhões para deputados e senadores destinarem recursos públicos sem respeitar as mais básicas regras de transparência.

Em artigo publicado na edição de 31 de maio do jornal “O Estado de S. Paulo”, o jornalista Vinícius Valfré destacou que a ONG Transparência Brasil elaborou estudo sobre emendas parlamentares de 2025, alertando para o que chamou de “emendas paralelas”. Como de costume, a opinião pública simplesmente ficou calada diante de mais um assalto aos cofres públicos.

Quando afirmamos que o Centrão, grupo informal de parlamentares, representa o que há de pior na política brasileira, muitos classificam nosso posicionamento como exagerado. Apesar dessa distorcida conclusão, insistimos no entendimento, pois apenas quem conhece os bastidores do Congresso Nacional consegue avaliar a extensão do absurdo.

Na condição de refém do Centrão, o Palácio do Planalto foi obrigado, nos últimos dez anos, a concordar com as exigências criminosas de um grupo de deputados e senadores, que camuflam a extorsão com vocabulário pomposo e mitômano. Tal processo foi inflacionado com a concordância de Jair Bolsonaro, que jamais teve vocação para governar e estava preocupado em perpetrar um golpe de Estado.

Para que os leitores consigam compreender os efeitos colaterais do banditismo político que aportou no Congresso, campanhas eleitorais tiveram os custos aumentados de maneira assustadora nos últimos anos. Afinal, os especialistas em campanhas apresentam orçamentos de acordo com o bolso do candidato, sempre acompanhados por teorias esdrúxulas e promessas inexequíveis.

A título de exemplo, um candidato a deputado federal, filiado a partido de médio porte em algum estado do Nordeste, onde o eleitorado não é dos maiores, precisa provisionar R$ 30 milhões, caso queira se eleger e não seja extremamente popular entre os eleitores. Ultrapassa as barreiras do bom-senso aritmético um candidato que investe R$ 30 milhões em uma campanha eleitoral para, se bem-sucedido, receber R$ 2,2 milhões em salários (valores brutos), ao longo de quatro anos de mandato. A conta não fecha.

O orçamento secreto e as novas emendas paralelas servem somente para inflacionar o mercado eleitoral. Esse cenário faz com que os de sempre sejam reeleitos ou elejam sucessores, normalmente da família.

A inflação eleitoral não ficou restrita aos candidatos ao Congresso Nacional. Também desembarcou nos estados, onde candidatos a governador precisam de um cofre recheado para entrar na briga pelo Executivo local. Em São Paulo, por exemplo, mais importante estado da federação, quem sonhar com o Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista, precisa se acostumar com a ideia de ter à disposição pelo menos R$ 300 milhões. Do contrário ficará pelo caminho.

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