Produção industrial brasileira tem alta de 0,1% de março para abril; participação no PIB continua pequena

A produção industrial brasileira registrou crescimento de 0,1% na passagem de março para abril deste ano. É o que revela a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta terça-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Rio de Janeiro. Essa é a quarta alta consecutiva do indicador, que acumula crescimento de 1,5% desde janeiro deste ano.

“Isso elimina a queda assinalada nos três últimos meses de 2024, os resultados negativos de dezembro, novembro e outubro que totalizaram naquela ocasião uma perda de 1%”, disse André Macedo, pesquisador do IBGE.

Contudo, Macedo destacou que a alta de 1,5% acumulada em quatro meses foi puxada principalmente pelo aumento de 1,2% em março, porque nos demais meses a produção industrial teve resultados positivos muito próximos da estabilidade: 0,2% em janeiro, 0,1% em fevereiro e 0,1% em abril.

O indicador apresenta altas também no trimestre (0,5%), no acumulado do ano (1,4%) e no acumulado de 12 meses (2,4%). Na comparação com abril de 2024, no entanto, houve uma queda de 0,3%.

De acordo com Macedo, o crescimento próximo da estabilidade apresentado pela indústria na passagem de março para abril (0,1%) pode ser explicado por fatores como um cenário de incerteza econômica e a alta taxa de juros básica (Selic).

“Por trás desse comportamento de menor intensidade da produção industrial há fatores que a gente já vem elencando há algum tempo. A taxa de juros em patamares mais elevados traz adiamento nas decisões de consumo das famílias e adiamento nas decisões de investimentos por parte das empresas. E tem o ambiente de incerteza não só no mercado doméstico, mas também no ambiente internacional”, afirmou o pesquisador.

Setores

Três das quatro grandes categorias econômicas da indústria apresentaram alta de março para abril: bens de capital, isto é, as máquinas e equipamentos usados no setor produtivo (1,4%), bens intermediários, insumos industrializados usados no setor produtivo (0,7%) e bens de consumo duráveis (0,4%). Apenas os bens de consumo semiduráveis e não duráveis tiveram queda (-1,9%).

Entre as 25 atividades da indústria, 13 tiveram alta, com destaque para indústrias extrativas (1%), bebidas (3,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (1%) e impressão e reprodução de gravações (11%). O item produtos químicos apresentou estabilidade.

Entre os 11 ramos da indústria em queda, os maiores recuos foram observados em produção, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,5%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-8,5%), celulose, papel e produtos de papel (-3,1%), máquinas e equipamentos (-1,4%), móveis (-3,7%), produtos diversos (-3,8%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-1,9%).

Indústria X PIB

A participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) vem decrescendo ano após ano. Em 2024, a indústria representou 24,7% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A indústria de transformação, especificamente, respondeu por 10,8% do PIB, aumento em relação aos 10,7% de 2023. Porém, faz-se necessário destacar que a participação da indústria no PIB brasileiro tem diminuído ao longo do tempo, na comparação com décadas anteriores.

Em 1985, a participação da indústria no PIB era de aproximadamente 36%, diminuindo para 12% em 2019. Em 2023, a participação caiu para 10,8%. Apesar do crescimento registrado em 2024, a indústria precisa retomar os números do passado. O agronegócio e o setor de serviços respondem por boa parcela do PIB.

Em 2005, quando o UCHO.INFO afirmou que o Brasil caminhava a passos largos no terreno da desindustrialização, muitos afirmaram que se tratava de alarmismo de nossa parte. Duas décadas depois, nosso alerta se confirma com números oficiais.

A questão é que com as taxas de juro elevadas, o investimento no setor industrial torna-se pouco atrativo. Afinal, investir em títulos do Tesouro Nacional, por exemplo, é mais rentável e quase sem riscos.

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