Somente desavisados esperavam que Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), admitiria ter participado da trama golpista, engendrada pela cúpula do então governo de Jair Bolsonaro. Durante depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Ramagem afirmou que o arquivo em que contesta o resultado das eleições de 2022 e defende a vitória de Bolsonaro era rascunho pessoal e não foi enviado ao ex-presidente.
Questionado por Moraes sobre trecho do documento que sugere direcionamento a Bolsonaro, o ex-diretor da Abin respondeu que o estilo do texto seguia uma estrutura de diálogo interno, usada para organizar suas reflexões pessoais, mas que não houve envio do conteúdo ao ex-presidente.
“A forma de concatenar as ideias é sempre em forma de diálogo. Isso não significa que eu tenha conversado com ele ou encaminhado esse documento”, explicou.
Ramagem também disse que o arquivo reunia anotações sequenciais e exclusivas, feitas ao longo do tempo, e que apenas uma das mensagens contidas no material foi, de fato, compartilhada — um vídeo público de audiência no STF sobre testes de segurança nas urnas eletrônicas. “Essa foi a única mensagem que enviei a alguém. O restante do documento é composto por coisas particulares”, afirmou.
Atualmente cumprindo mandato de deputado federal pelo Rio de Janeiro, Alexandre Ramagem também negou ter utilizado a Agência para monitorar autoridades públicas. Ele afirmou que jamais usou estruturas da Abin para tal fim.
“Nunca utilizei monitoramento algum pela Abin de qualquer autoridade”, declarou. “Decerto que não fiz monitoramento de autoridades”, completou.
Sobre a acusação de uso ilegal do programa de espionagem “FirstMile”, o ex-diretor disse o sistema deixou de ser utilizado pela Abin em 2021, um ano antes do período em que acusações feitas pela Polícia Federal.
“É mais uma indução a erro do juízo pela Polícia Federal. Mesmo assim, eles [investigadores] colocaram no relatório da PF. Com certeza, para empurrar o Ramagem para essa questão de golpe indevidamente”, declarou.
Como ex-diretor da Abin, Ramagem, espera-se, deve ser dotado de doses rasas de inteligência, mas suas respostas, pouco convincentes e em flerte com o deboche, foram uma espécie de provocação a Moraes, que manteve-se impávido durante o depoimento. Tal comportamento poderá custar caro a Ramagem no desfecho da ação penal.
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