Entre deboches, Bolsonaro admite ter apresentado minuta golpista ao ex-comandante do Exército

Alvo de interrogatório no âmbito da ação penal da trama golpista, Jair Bolsonaro foi previsível: abusou da covardia ao responder às perguntas formuladas pelo ministro Alexandre de Moraes e pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. Além disso, portou-se com se estivesse sentado à mesa do boteco da esquina mais próxima.

Em muitas das respostas, Bolsonaro imaginou estra sobre um palanque eleitoral, tamanha foi a ousadia ao citar realizações do seu governo, o pior da história nacional. Em dado momento, o ex-presidente disse que gostaria de ter Alexandre de Moraes como candidato a vice em eventual disputa pelo Palácio do Planalto. Moraes respondeu: “declino”.

Assim como Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, Bolsonaro não teve coragem para reconhecer que liderou um plano visando implodir a democracia brasileira e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

Repetitivo e enfadonho, Jair Bolsonaro afirmou que sempre “jogou dentro das quatro linhas da Constituição”, o que não é verdade, e voltou a vociferar o mantra farsesco “Deus, pátria e família”.

Sobre os ataques e ofensas a ministros do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – antes, durante e depois das eleições de 2022 – Bolsonaro se acovardou e pediu desculpas por eventuais ofensas. Na verdade, o ex-presidente afirmou que ministros do TSE teriam recebido R$ 30 milhões para fraudar as urnas eletrônicas, declaração criminosa que enseja com o máximo rigor.

Em relação à possibilidade de um golpe de Estado, Bolsonaro, agarrado à mitomania, um dos seus indeléveis traços de personalidade, negou que o assunto foi discutido com a cúpula do governo e os comandantes militares.

“Da minha parte, nunca se falou em golpe. Golpe é abominável. O golpe até seria fácil começar. O afterday é imprevisível e danoso para todo mundo. O Brasil não poderia passar por uma experiência dessa. Não foi sequer cogitada essa hipótese de golpe no meu governo”, afirmou.

Minuta do golpe

Jair Bolsonaro também negou ter feito uma minuta de golpe para justificar a intervenção militar após as eleições de 2022. Diferentemente do que declarou o ex-presidente, o delator Mauro César Barbosa Cid, ao ser interrogado na segunda-feira (9) pelo ministro Alexandre de Moraes, disse
Bolsonaro participou do encontro em que foi apresentada a minuta golpista, enxugou o texto original e propôs alterações para constar a possibilidade de prisão de ministros.

“Não procede o enxugamento. As informações que eu tenho é de que não tem cabeçalho nem o fecho [parte final]”, respondeu.

A desfaçatez do líder golpista é tamanha, que ele afirmou que nunca tomou medidas contra a Constituição. “Da minha parte, eu sempre tive o lado da Constituição. Refuto qualquer possibilidade de falar em minuta de golpe e uma minuta que não esteja enquadrada na Constituição”, completou.

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