
Quando estavam no poder, protagonizando o pior governo da história nacional, Jair Bolsonaro e seus quejandos destilavam falsas coragem e valentia enquanto tramavam um golpe de Estado, que por sorte fracassou.
Condenado e preso na esteira da trama golpista, Bolsonaro demonstrou ser covarde ao justificar a tentativa de violação da tornozeleira eletrônica. Disse o ex-presidente que foi acometido por surto psicótico ao tentar romper o equipamento com um ferro de solda. Ao ser preso, Bolsonaro não aparentava estar sob os efeitos de qualquer distúrbio.
Os advogados de Bolsonaro, por sua vez, alegaram que o cliente não pretendia fugir e tentou abrir a tornozeleira por curiosidade. As justificativas são esdrúxulas e comprometem sobremaneira eventual pedido de prisão domiciliar. Ademais, são patéticas as alegações de que Bolsonaro sofre problemas de saúde decorrentes da facada de que foi alvo em setembro de 2018. Estranhamente, os tais problemas de saúde não deram o ar da graça durante o planejamento do golpe.
Em outro vértice da ópera bufa está o general da reserva Augusto Heleno, condenado a 21 anos de prisão. Durante exame de corpo de delito, Heleno afirmou que desde 2018 sofre de Alzheimer, ou seja, desde antes a eleição presidencial daquele ano.

Tal afirmação coloca sob questionamento todas as decisões de Augusto Heleno como ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI). Como forma de evitar polemicas a defesa de Heleno informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o diagnóstico da doença data do início de 2025.
Os advogados de Augusto Heleno cometeram um equívoco, pois o aludido diagnóstico de 2018 serviria para amenizar (sic) algumas declarações golpistas do general. Em 5 de julho de 2022, durante reunião ministerial, Heleno disse que era “preciso agir contra instituições e contra indivíduos” e se “tiver que dar soco na mesa, é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que peritos médicos da Polícia Federal produzam, em 15 dias, laudo sobre o estado de saúde de Heleno, “em virtude de informações contraditórias”. O laudo servirá de base para a decisão sobre o pedido de prisão domiciliar.
O diagnóstico de Alzheimer, não importa a data, ajudará Augusto Heleno a apagar da memória a alcunha “açougueiro do Haiti”. O general foi o principal responsável pela carnificina que marcou a intervenção militar no Haiti e o fracasso estrondoso da ONU na operação. Heleno supervisionou a fase mais sanguinária da repressão haitiana, suprimindo com brutalidade partidos de esquerda e movimentos sociais na ilha caribenha.





