Lava-Jato: Moro decreta nova prisão preventiva de Odebrecht e dos executivos Rogério Araújo e Márcio Faria

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Responsável na primeira instância da Justiça Federal pelas ações decorrentes da Operação Lava-Jato, o juiz Sérgio Fernando Moro decretou nesta segunda-feira (19) nova prisão preventiva do presidente licenciado da maior empreiteira do País, Marcelo Bahia Odebrecht, e de dois executivos ligados ao grupo, Rogério Araújo e Márcio Faria. Moro também aceitou nova denúncia, apresentada na última sexta-feira (16), contra a cúpula da empreiteira.

Os empresários estão presos deste 19 de junho, quando foi deflagrada a Operação Erga Omnes, décima quarta fase da Lava Jato. A última decisão é a segunda ordem de prisão contra os executivos, desta vez acusados de pagamento de R$ 137 milhões em propinas em oito contratos da Petrobras, entre 2004 e 2011.

“Defiro parcialmente o requerido pelo MPF e decreto, com base no artigo 312 do CPP, em vista dos riscos à investigação, à instrução criminal e à aplicação da lei penal, nova prisão preventiva de Rogério Santos de Araújo, Márcio Fária da Silva e Marcelo Bahia Odebrecht, desta feita instrumental a esta ação penal”.

A custódia havia sido solicitada pelo Ministério Público Federal em nova denúncia contra os executivos apresentada na sexta. A força-tarefa da Lava-Jato imputa aos acusados a prática de 64 crimes. Os procuradores da República que subscrevem a denúncia pedem que seja decretado o perdimento ‘do proveito e produto dos crimes’, em valor mínimo de cerca de R$ 137 milhões, além do pagamento de danos mínimos de R$ 275 milhões em favor da estatal referentes aos oito contratos.

“Presentes indícios suficientes de autoria e materialidade, recebo a denúncia contra os acusados acima nominados, Cesar Ramos Rocha, Marcelo Bahia Odebrecht, Márcio Faria da Silva, Pedro José Barusco Filho, Renato de Souza Duque e Rogério Santos de Araújo”, destaca o juiz em seu despacho.

Há nesse imbróglio envolvendo a Odebrecht dois detalhes importantes que merecem ser rememorados. O primeiro deles refere-se a entrevista concedida por Marcelo Odebrecht concedida em novembro de 2014, quando o ousado empresário afirmou não ver qualquer problema na ingerência do setor privado nos assuntos de Estado. Declaração absurda, mas coerente com a prática de uma empreiteira que participou do maior escândalo de corrupção da história moderna, o Petrolão, e fez do ex-presidente Lula o seu lobista de luxo.

O segundo detalhe que merece destaque é a ameaça feita por Emiliano Odebrecht, pai de Marcelo, que dias após a prisão do filho ameaçou o Palácio do Planalto e a cúpula do PT de revelar os bastidores do Petrolão, prometendo que o governo Dilma cairia na segunda-feira seguinte à ameaça. Os envolvidos no esquema de corrupção agiram rapidamente nos bastidores para conter o atual chefe do clã Odebrecht, o que fez com que as ameaças se perdessem no ar.

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