Ninguém tem mais rejeição do que o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, assim como ninguém tem mais eleitores cativos do que o petista. Como esperado, o impeachment de Dilma Rousseff tem deixado de ser o foco a cada dia que passa, pois as conversas de bastidores do mundo político têm sido as eleições de 2018.
O Ibope, então, realizou uma pesquisa inédita, entre 17 e 21 de outubro, apontando o potencial de voto de alguns dos principais personagens políticos que podem vir a disputar a sucessão da presidente daqui a três anos. É importante reforçar que, quando falta tanto tempo assim para a eleição, esse tipo de sondagem é mais significativo do que medir a simples intenção de voto, visto que deixa claro não apenas a presença de cada nome na memória do eleitor, mas também sua força e limites, além do seu desconhecimento.
Pergunta-se, sobre cada um dos potenciais candidatos, qual frase mais bem descreve o que o eleitor pensa a respeito daquele nome: se votaria nele com certeza para a Presidência da República, se poderia votar, se não votaria de jeito nenhum ou se não o conhece o suficiente para opinar. Há quem não responda.
Além de Lula, foram testados Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra (todos do PSDB), de Marina Silva (Rede) e de Ciro Gomes (PDT). Um mesmo eleitor pode dizer que votaria com certeza em mais de um candidato ou que não votaria em nenhum deles. Por isso, as taxas não somam 100%. As questões entraram na pesquisa mensal do Ibope e foram bancadas pelo instituto.
Os que dizem que não votariam de jeito nenhum em Lula aumentaram significativamente de 33% em maio de 2014 para 55% atualmente. Vale ressaltar que é a maior rejeição entre todos os nomes testados. Caso a eleição fosse hoje, seria muito difícil a vitória da estrela petista em um segundo turno. Contudo, isso depende não apenas de como a política e a Operação Lava-Jato vão evoluir até 2018, como contra quem se daria essa eventual disputa. A decisão de voto no segundo turno é sempre por comparação.
No mais, cresceu menos a taxa dos que não votariam de jeito nenhum em Aécio (de 42% para 47% em um ano), em Marina (de 31% para surpreendentes 50% em um ano), e em Serra (de 47% para 54% em dois anos). Não há comparativo, mas a rejeição a Alckmin e a Ciro é igualmente alta: 52% para ambos.
O crescimento generalizado da rejeição mostra que o desgaste do ex-presidente petista, embora maior do que o dos demais, não está sendo capitalizado por ninguém. Inclusive, uma fatia crescente do eleitorado demonstra desprezo por todos os políticos, inclusive por aqueles que, como Marina, pretendem simbolizar renovação. Isso aumenta a incerteza e abre espaço para surpresas em 2018.
Ou fator importante para levar em consideração é que, apesar de decadente, a taxa de eleitores que dizem que votariam com certeza em Lula ainda é maior do que a de todos os seus rivais: 23% (era 33% em maio de 2014). Em segundo lugar aparece Aécio com 15%, seguido de perto por Marina, com 11%. Serra tem 8%, Alckmin tem 7% e Ciro, 4%.
A despeito do desgaste, Lula ainda tem o maior poder de mobilização entre todas as lideranças avaliadas. Seria insuficiente para elegê-lo, mas é o bastante para influir no resultado de qualquer eleição.
Sobre o potencial de voto, ou seja, a soma de eleitores que votariam neles com certeza ou poderiam votar, Aécio (42%), Lula (41%) e Marina (39%) empatam tecnicamente. Eles se destacam por seus nomes estarem mais frescos na memória do eleitor: Aécio e Marina participaram da eleição presidencial de 2014, e Lula foi presidente duas vezes. Serra e Alckmin têm potencial equivalente: 32% e 30%, respectivamente. Ciro tem 20%.
O mais desconhecido (24%) é Ciro Gomes. Geraldo Alckmin, atual governador de São Paulo, também tem taxa alta de desconhecimento: 19%. Aécio (9%), Marina (10%) e Serra (11%) se equivalem. Só 2% não conhecem Lula.