Denunciada por delatores e investigada pela PF, Gleisi garante que jamais recebeu dinheiro de propina

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A senadora Gleisi Helena Hoffmann, do PT do Paraná, tem frequentes e conhecidos surtos de face lenhosa. O mais recente devaneio ocorreu na segunda-feira (26), durante uma entrevista à Rádio T FM e ao Blog da Mareli Martins.

Gleisi, que já teve seu envolvimento no Petrolão e no escândalo investigado na Operação Pixuleco II denunciado por três delatores (Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa e Alexandre Romano), alegou desconhecer Romano, ex-vereador do PT de Americana (SP), que teve sua colaboração premiada homologada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

Na sua declaração mais impactante a senadora afirmou: “Nunca recebi dinheiro de propina”. Dos implicados no Petrolão, Gleisi é a que tem o recebimento de dinheiro mais documentado. O numerário (R$ 1 milhão) foi requisitado pelo marido, Paulo Bernardo da Silva (à época no comando do estratégico Ministério do Planejamento) ao então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Costa autorizou o doleiro Alberto Youssef a providenciar o pagamento, que entregou o dinheiro a Gleisi em um shopping no centro de Curitiba.

No caso da Pixuleco II, esquema envolvendo empréstimos consignados, autorizado pelo Ministério do Planejamento, as evidências também são esmagadoras. O advogado de Gleisi, o “companheiro” Guilherme Gonçalves, contrariando tradições milenares da profissão, remunerava a cliente em lugar de receber honorários por seus serviços.

Gonçalves pagava o salário do motorista de Gleisi, contas da senadora e do marido. Dos R$ 50 milhões que se estima que rendeu o esquema Consist, R$ 9 milhões foram repassados ao advogado, que por sua vez pagava as contas da senadora.

Gleisi também reafirmou que desconhece doação ou repasse da Consist para sua campanha. Segundo as informações de Romano, a senadora teria sido beneficiária de propina do esquema, por meio do advogado Guilherme Gonçalves, responsável jurídico da campanha eleitoral de Gleisi. A senadora negou qualquer tipo de envolvimento.

Na entrevista, Gleisi tentou subverter os fatos. “Primeiro é importante esclarecer que não teve delação premiada homologada desse vereador, não fomos informados disso e nossos advogados disseram que não houve delação premiada e ele não nos citou. Não fui citada e o Paulo Bernardo também não. Eu não conheço este vereador. Conheço apenas o Guilherme que foi nosso advogado, que nos atendeu em várias campanhas. Mas o que tem é apenas um relatório de contas, ele pagou multas das campanhas de 2008, que foi parcelada e 2010, nas duas ele perdeu o prazo e temos que pagar, é assim que funciona. Não é verdade que o Guilherme pagava um motorista para mim, ele apenas nos disponibilizou um funcionário para alguns serviços em Curitiba, mas não houve contratação oficial. Isso aconteceu por que não tínhamos uma estrutura formada do senado”, afirmou.

Sobre a investigação da Consist Software, que foi encaminhada à 6ª vara federal criminal de São Paulo, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), Gleisi Hoffman também disse que não conhece a empresa e, por isso, não tem qualquer envolvimento. “Não conheço a Consist, não recebi dinheiro da Consist e não recebi dinheiro de propina. Espero que tudo isso seja esclarecido”, concluiu.

De acordo com o Jornal Valor Econômico, em delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-vereador do PT de Americana ratificou o que já havia indicado à Polícia Federal quando foi preso pela Operação Lava-Jato, em agosto: que a senadora Gleisi Hoffmann e o marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo, teriam sido beneficiados por recursos desviados do Ministério do Planejamento.

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