Os atentados coordenados que sacudiram a capital francesa na noite desta sexta-feira (13) são o mais grave ato terrorista depois do fatídico episódio de 11 de setembro de 2001, quando radicais que se escondem sob a fé islâmica derrubaram as torres do World Trade Center, em Nova York, e jogaram um avião contra o prédio do Pentágono, em Washington.
Os ataques terroristas em Paris, que não tiveram a autoria reivindicada por nenhum grupo, por enquanto, mostram o perigo que representa a forma leniente com que as grandes potências ocidentais tratam o avanço do Estado Islâmico, grupo criminoso que, debaixo de preceitos do Islã, tenta instalar um califado na Síria e em parte do Iraque.
As ações dos terroristas na chamada Cidade Luz aconteceram no mesmo dia em que os Estados Unidos deflagraram uma operação na Síria para eliminar o criminoso “Jihadi John”, responsável pela execução dos reféns do Estado Islâmico. John ganhou notoriedade (sic) por decapitar suas vítimas e exibir os vídeos na rede mundial de computadores. Mas isso é apenas uma coincidência, pois uma operação orquestrada como a que aconteceu em Paris exige estrutura e tempo de preparação. Não se pode afirmar que foi uma ação protagonizada pelos chamados “lobos solitários”.
Ao mesmo tempo, a forma tranquila como os terroristas agiram, em especial na casa de shows Bataclan, mostra que o serviço de inteligência francês falha ao não chegar próximo, com a devida antecedência, dos que planejam atentados. O relógio avança e fatos pontuais, que aparentemente não têm qualquer interconexão, acabam esquecidos. Não faz muito tempo, drones sobrevoaram a capital francesa durante a noite e a madrugada, mas as autoridades não deram qualquer explicação convincente acerca do episódio. Não se sabe se essa falta de informações foi proposital ou por incompetência.
A operação criminosa, que interrompeu a noite parisiense nesta sexta-feira e chocou o planeta, foi planejada com muito cuidado e excesso de detalhes. O que mostra que os terroristas estão muito mais preparados do que imaginam as autoridades de vários países. Aliás, há na Europa, principalmente, países que tratam com certo desprezo a possibilidade de terroristas atuarem de maneira tão deliberada e tranquila. Não que uma ação terrorista seja desprovida de tensão, mas um serviço de inteligência competente jamais teria deixado esse tipo de ação chegar a cabo.
O depoimento de um jornalista que estava na casa de shows Bataclan revela que os terroristas agiram com tranquilidade, sem serem incomodados até a execução do plano. Julien Pearce, da rádio Europe 1, que acompanhava a apresentação de uma banda de rock, disse ao jornal Libération que “vários indivíduos armados entraram no concerto e dois ou três de rosto descoberto começaram a disparar com armas automáticas de tipo Kalashnikov ao acaso sobre a multidão”.
Não se pode esquecer que dez meses atrás, em janeiro deste ano, a redação do jornal satírico francês Charlie Hebdo foi alvo de uma chacina patrocinada por radicais simpatizantes do Estado Islâmico. Naquele episódio, que chocou a população global, as autoridades francesas mostraram despreparo na caçada aos terroristas, que, dias mais tarde, acabaram mortos.
O episódio desta sexta-feira reforça a tese do UCHO.INFO de que é preciso muito cuidado ao tratar da crise migratória que tem colocado governantes europeus em lados opostos. Não se pode dar as costas aos refugiados, até porque trata-se de uma questão de humanidade, mas não se deve ignorar o ingrediente da insegurança que vem no bagageiro desse movimento.
Em diversas ocasiões este site e o programa QUE PAÍS É ESSE?, produzido pela UCHOTV, alertaram para a necessidade de se estabelecer uma regra para o acolhimento dos refugiados, sob pena de, agindo de forma descuidada e irresponsável, abrigar em países da região um sem fim de terroristas que se escondem sob o manto do Islã, mas se fazem passar como perseguidos em seus países.
Lamentavelmente, o que previmos aconteceu muito antes do esperado. Com os atentados desta noite, a questão migratória entra em nova fase, pois por questões óbvias as fronteiras serão fechadas. Isso significa que haverá o acirramento da xenofobia, o que pode desencadear mais atentados. Por outro lado, o fechamento das fronteiras dificultará sobremaneira a circulação de mercadorias no bloco econômico europeu, onde muitos países ainda cuidam dos ferimentos produzidos pela crise.