Manutenção da prisão de Esteves foi baseada em documento que sugere pagamento de R$ 45 mi a Cunha

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Confirmando o que noticiou o UCHO.INFO e o programa “QUE PAÍS É ESSE?”, produzido pela UCHOTV, a contratação do criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, pelo banqueiro André Esteves tinha um motivo muito maior do que o anunciado após a deflargação de mais uma etapa da Operação Lava-Jato.

Ninguém contrataria um advogado badalado e caro para solucionar uma prisão decretada supostamente apenas porque o nome do dono do banco BTG Pactual fora citado em conversa entre o senador Delcídio Amaral (PT-MS) e o filho de Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, preso desde janeiro, em Curitiba, por determinação do juiz federal Sérgio Moro.

Ao transformar a prisão temporária em preventiva, o Supremo Tribunal Federal usou como base um documento apreendido na casa de Doigo Ferreira, assessor de Delcídio, que mostra que André Esteves pagou R$ 45 milhões para Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, para aprovar medida provisória que beneficiaria o BTG Pactual.

“Em troca de uma emenda a medida provisória número 608, o BTG Pactual, proprietário da massa falida do banco Bamerindus, o qual estava interessado em utilizar os créditos fiscais de tal massa, pagou ao deputado federal Eduardo Cunha a quantia de R$ 45 milhões de reais”, destaca um texto anotado no verso do documento apreendido pela PF.

O documento traz outro trecho da explosiva e comprometedora anotação: “Pelo BTG participaram da operação Carlos Fonseca, em conjunto com Milton Lyra. Esse valor também possuía como destinatário outros parlamentares do PMDB. Depois que tudo deu certo, Milton Lyra fez um jantar pra festejar. No encontro tínhamos as seguintes pessoas: Eduardo Cunha, Milton Lira, Ricardo Fonseca e André Esteves”.

O texto consta no dorso do documento apreendido pelos policiais e sugere ser uma espécie de roteiro de uma das reuniões de Delcídio Amaral com Bernardo Cerveró, na qual o senador petista tentou comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras. Durante a reunião, Delcídio afirmou que conversaria com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para viabilizar um habeas corpus para Cerveró e evitar um acordo de delação premiada.

Eduardo Cunha, que vive um momento de extrema dificuldade por causa da Lava-Jato, rebateu a informação ao ser procurado: “É um absurdo. Não conheço esse assessor e tem de perguntar a ele isso, não a mim. Eu desminto com veemência”, afirmou Cunha. Coincidência ou não, Camilla Dytz da Cunha, uma das filhas do presidente da Câmara, informa em uma rede social ser advogada do BTG Pactual desde janeiro de 2014.

O mais estranho nessa epopeia criminosa é que Delcídio não tinha outro motivo para reunir-se com o filho de Nestor Cerveró, a não ser defender os interesses de alguém em esfera última do poder. Não se pode esquecer que o senador petista mencionou na conversa que Cerveró deveria parar de afirmar que a presidente Dilma Rousseff sabia de toda a operação que resultou na compra da obsoleta e superfaturada refinaria de Pasadena, no Texas, também conhecida como “Ruivinha”.

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