Em decisão anunciada pela FIFA na segunda-feira (21), o suíço Joseph Sepp Blatter e o francês Michel Platini foram suspensos do futebol por oito anos. Eles foram condenados por “abuso de poder” e a aplicação da medida é “imediata”.
Esta é a primeira vez que a entidade afasta seu presidente, demonstrando, para muitos, que a FIFA quer “virar a página” em relação à corrupção, afastando seus antigos cartolas.
Blatter, 79 anos, acredita que esse é o fim de sua carreira na gestão do futebol. O suíço esperava ser inocentado para que pudesse voltar ao comando e, em fevereiro do ano que vem, entregar o cargo ao seu sucessor.
Platini também esperava ser inocentado, aliás, ele esperava mais, acreditava que poderia ser candidato à presidência da Fifa em 2016. Com a decisão, ambos ficam afastado de qualquer envolvimento com o futebol até o ano de 2023, depois da Copa do Catar.
Desta forma, Blatter deixa de vez seu cargo na FIFA e Platini é obrigado a abandonar a presidência da UEFA e seu sonho de ser presidente da entidade máxima do futebol.
Enquanto examinava o caso, o Comitê de Ética da FIFA havia suspendido ambos de forma provisória por 90 dias. Blatter e Platini são suspeitos por causa de uma transferência de US$ 2 milhões do suíço ao francês, em 2011. O Ministério Público da Suíça também investiga o caso. Eles fecharam um entendimento para apresentar a mesma argumentação ao Comitê de Ética, a de que o dinheiro era um salário atrasado que a Fifa devia para Platini.
Entretanto os juízes suspeitaram quando ficou claro que o salário era sobre um suposto serviço que ocorreu nove anos antes. Blatter e Platini também defenderam a ideia de que não existia contrato por escrito para o trabalho do francês. Porém, para a FIFA a realidade é que houve suspeita de falsificação do balanço financeiro da entidade. Em 2011, Blatter era presidente e Platini seu vice. Eles teriam de ter informado aos demais membros do Comitê Executivo sobre o pagamento, o que não ocorreu.
Vale ressaltar que a decisão deve ser polêmica. Segundo o comunicado, o pagamento de US$ 2 milhões “não tem base legal”. “Blatter não conseguiu demonstrar qualquer outra base legal para o pagamento”, insistiu o Comitê de Ética. A tese de um “acordo de cavalheiros” não foi convincente e imediatamente rejeitada.
O Comitê ainda admite que as evidências coletadas não foram suficientes para provar que se tratou de corrupção. Mas aponta que a “conduta de Blatter em relação a Platini sem base legal constitui uma violação das regras da FIFA sobre dar e aceitar presentes e outros benefícios”. “Além disso, Blatter se encontrou em situação de conflito de interesse, falhando em publicar essa situação e a existência de interesses pessoais”, informou a FIFA.
A decisão indicou que o suíço colocou seus interesses pessoais sobre os da FIFA. “Suas ações não mostraram compromisso com uma atitude ética, demonstrando uso abusivo de sua posição de presidente da Fifa e violando as regras de conduta”. Ele terá de pagar US$ 50 mil em multas, além da suspensão. Os mesmos argumentos foram apresentados sobre Platini, já que o francês também não conseguiu convencer os juízes sobre a natureza do pagamento. “Além disso, Platini fracassou em agir com completa credibilidade e integridade, mostrando desconhecimento da importância de suas obrigações”, ressaltou o Comitê de Ética.
“Suas ações não mostraram compromisso com uma atitude ética, falhando em respeitar leis e regulações e demonstrando um abuso de sua posição como vice-presidente da FIFA”, apontou.
Além da suspensão, Blatter pagará US$ 80 mil em multas. Blatter e Platini ainda podem recorrer ao Tribunal Arbitral dos Esportes. Porém, a decisão dificilmente será revertida e marca o fim melancólico de dois dirigentes que, por anos, mandavam no futebol.
Os escândalos de corrupção que surgiram a partir das entranhas da FIFA mostram que o futebol deve ser analisado e acompanhado pelas autoridades com mais proximidade e atenção, pois operações que violam legislações de vários países sobram no universo do esporte mais popular do planeta. Não é de hoje que a seara do futebol é uma usina de escândalos, mas os cartolas sempre se valeram da proximidade com o poder para camuflar crimes e minimizar imbróglios.
Na opinião do UCHO.INFO, autoridades deveriam acionar os envolvidos em crimes e casos de corrupção no âmbito do futebol, pois esses se valem da paixão do torcedor para transformar um esporte em cornucópia bilionária que deságua em vários momentos na lama da ilegalidade.