BC reconhece gravidade da crise e prevê inflação de 10,8% e queda de 3,6% do PIB em 2015

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Enfrentando a mais grave crise político-econômica dos últimos tempos, a presidente Dilma Vana Rousseff insiste em afirmar que o País passa por um “momento de travessia”, mas os números da economia mostram que essa pode ser uma viagem macabra e com final trágico. Pelo menos é essa a conclusão a que se chega quando analisados os dados econômicos, que pioram com o passar dos dias.

De acordo com o Banco Central, a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve encerrar o ano em 10,8%, o dobro do centro da meta fixada pelo governo, que é de 4,5%, e mais de quatro pontos percentuais acima do teto (6,5%). Longe dos dados oficiais, a inflação enfrentada pelo brasileiro no cotidiano já está deixando para trás a casa de 20% ao ano, quando analisados os preços dos insumos básicos para a vida do cidadão.

A informação acerca da inflação oficial foi divulgada nesta quarta-feira (23) pelo BC, no relatório trimestral da instituição sobre o mais temido fantasma da economia. No trimestre anterior, encerrado em setembro, o BC previa que 2015 encerraria com inflação na casa de 9,5%, o que, na opinião dos analistas, foi excesso de otimismo por parte do governo.

No documento, o Banco Central destaca também a revisão para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2015, que, de acordo com o órgão, deve registrar retração de 3,6%, contra 2,7% da previsão anterior. Se confirmada, será a maior contração da economia em 25 anos: em 1990, o PIB brasileiro ficou em -4,35%.

“A atividade econômica segue evoluindo em ritmo inferior ao seu potencial. Esse desempenho repercute os impactos do processo de ajuste macroeconômico em curso e os efeitos de eventos não econômicos”, enfatiza o BC no relatório.


O BC ressalta no documento o encolhimento da atividade da indústria nacional e do setor de serviços, além do “recuo dos gastos com investimentos e consumo.” Destaca também que os resultados negativos têm sido compensados pelo incremento das exportações brasileiras e o consequente superávit da balança comercial do País, mas que as análises “não sugerem uma reação da atividade [econômica] no quarto trimestre.”

Para piorar o que já é ruim, a autoridade monetária informou que o desempenho do PIB em 2016 terá retração de 1,9%. No relatório, o BC alega que a crise “incorpora cenário de incertezas associadas a eventos não econômicos.”

Em relação à inflação de 2016, a previsão é que no primeiro trimestre do próximo ano ela termine em 9,2%. A inflação deve seguir em queda ao longo do próximo ano, de acordo com o BC, fechando dezembro em 6,2%, abaixo do teto da meta de 6,5%. Contudo, não é essa a aposta dos economistas do mercado financeiro, que apostam em cenário econômico ainda pior para o próximo ano.

No caso de prevalecer a estimativa do BC para 2016, o desempenho da economia será muito pior do que as previsões atuais, pois somente uma queda maior do consumo fará com que a inflação recue para o patamar de 9,2%.

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