Tóquio e Seul chegam a acordo sobre “mulheres de conforto”, escravas sexuais na 2ª Guerra Mundial

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A Coreia do Sul e o Japão chegaram a um acordo sobre a questão das chamadas “mulheres de conforto” – eufemismo para designar as mulheres sul-coreanas submetidas a escravidão sexual e prostituição em bordéis militares japoneses durante a Segunda Guerra Mundial.

O ministro sul-coreano do Exterior, Yun Byung, anunciou que as conversações com seu homólogo japonês, Fumio Kishida, resultaram em acordo “final e irreversível”.

O governo japonês se comprometeu a contribuir com 1 bilhão de iênes (7,5 milhões de euros) para a criação de um fundo de ajuda às mulheres, agora em idade avançada, na Coreia do Sul. Kishida disse que seu país se sente “profundamente responsável” pela questão.

“O primeiro-ministro Shinzo Abe expressou mais uma vez suas sinceras desculpas e sentimento de remorso em relação a todas que, na condição de ‘mulheres de conforto’, vivenciaram sofrimentos que resultaram em feridas físicas e psicológicas incuráveis”, afirmou Kishida.

A agência japonesa de notícias Jiji informou que Abe e a presidente sul-coreana, Park Geun-hye, conversariam por telefone sobre o acordo.

Muitos sul-coreanos sentem ainda ressentimentos em relação à ocupação japonesa da Península da Coreia, entre 1910 e 1945, que terminou apenas com a rendição do Japão no final da Segunda Guerra Mundial.

Até recentemente, Tóquio defendia que o assunto já havia sido resolvido com parte do acordo de 1965, que restaurou as relações diplomáticas entre os dois países. Na ocasião, os japoneses pagaram 800 milhões de dólares em ajuda econômica e empréstimos à Coreia do Sul.


Durante a guerra, mulheres coreanas foram forçadas pelos militares japoneses a se prostituírem, fato que causou décadas de atritos diplomáticos nas relações entre as duas nações. Hoje em dia, 46 ex-escravas sexuais ainda vivem na Coreia do Sul, com idades entre 80 e 90 anos.

O acordo sobre as “mulheres de conforto” veio pouco depois de a Justiça sul-coreana absolver um jornalista japonês, acusado de difamação contra a presidente Park Geun-hye.

O repórter Tatsuya Kato havia criticado a presidente por ter administrado mal a questão do desastre com uma balsa em 2014, que matou mais de 300 pessoas. Os promotores pediram inicialmente uma pena de 18 meses de prisão para o jornalista.

A absolvição de Kato foi amplamente vista como um sinal de boa vontade por parte da Coreia do Sul, para finalizar o acordo sobre a questão das “mulheres de conforto”.

Os dois países são aliados importantes e parceiros comerciais, ambos com forte ligação com os Estados Unidos. A Coreia do Sul e o Japão abrigam 80 mil soldados americanos em seus territórios.

Washington vê com bons olhos a possibilidade de uma frente unida na região para se contrapor à maior influência da China e à retórica nuclear da Coreia do Norte. (Com agências internacionais)

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