Em seu editorial, a conceituada revista “The Economist” defende que é hora de a presidente Dilma Rousseff deixar o cargo. A publicação britânica afirma que a escolha do ex-presidente Luiz Inácio da Silva para a Casa Civil foi uma “tentativa grosseira de impedir o curso da Justiça”. A edição chega às bancas neste fim de semana.
A “The Economist” destaca que Dilma está inapta a permanecer na Presidência e que a troca na presidência da República abriria caminho para um “novo começo” no Brasil.
“A indicação de Lula parece uma tentativa grosseira de impedir o curso da Justiça. Mesmo que isso não fosse sua intenção, esse seria o efeito. Esse foi o momento em que a presidente escolheu os limitados interesses da sua tribo política por cima do Estado de Direito”, diz o editorial que tem o título “Hora de ir”.
“Assim, ela tornou-se inapta a permanecer como presidente”, destaca a publicação, que defende que “a presidente manchada deveria renunciar agora”.
O editorial ainda declara que sempre defendeu que apenas a “Justiça ou os eleitores – e não políticos com interesses próprios tentando impedi-la podem decidir o destino da presidente”. Essa percepção, porém, mudou com a decisão tomada por Dilma ao indicar Lula, argumenta o texto.
A publicação também ressalta que continua acreditando que o processo de impeachment pelas pedaladas fiscais segue parecendo injustificado. Desta forma, a revista aponta que há três caminhos para a saída da presidente: 1) mostrar que a petista obstruiu o trabalho de investigação na Petrobrás; 2) por decisão do Tribunal Superior Eleitoral que resultaria em novas eleições ou 3) a renúncia. “A maneira mais rápida e melhor para a senhora Rousseff deixar o Planalto seria a renúncia antes de ser empurrada para fora”, defende a revista.
Sem Dilma, a “The Economist” acredita que o Brasil poderia ter um governo de coalizão liderado por Michel Temer para executar reformas necessárias com o objetivo de estabilizar a economia e acabar com o déficit público próximo de 11% do Produto Interno Bruto. Contudo, a publicação afirma que Temer também está “profundamente envolvido no escândalo da Petrobras como o PT”. Assim, apenas “novas eleições presidenciais poderiam dar aos eleitores uma oportunidade de confiar as reformas a um novo líder”.
O semanário britânico não é o primeiro veículo de comunicação internacional a sugerir a saída da petista. Em editorial no começo da semana, o “The Guardian” sugeriu que se não conseguir restaurar a tranquilidade no Brasil, Dilma deveria convocar novas eleições ou renunciar.
Segundo o editorial publicado na edição do último domingo (20), do sisudo jornal britânico, “uma das preocupações óbvias é que esses protestos, se não controlados, podem resultar em violência generalizada com risco de intervenção militar”.