Acrônimo: indiciamento de Fernando Pimentel pela PF complica a difícil situação de Dilma

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A Comissão Especial do Impeachment ainda discutia o relatório sobre o impedimento de Dilma Rousseff quando surgiu a notícia de que a Polícia Federal indiciara o petista Fernando Pimentel, governador de Minas Gerais, por corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de influência. O indiciamento se deu após a conclusão de dois inquéritos que apurou crimes investigados na Operação Acrônimo.

A PF enviará as conclusões de ambos os inquéritos para a Procuradoria-Geral da República (PGR)m que decidirá se denuncia ou não o petista Fernando Pimentel, que tem direito a foro especial por prerrogativa de função, devendo ser julgado pelo Superior Tribunal de Justiça.

A situação de Pimentel complica sobremaneira a combalida Dilma Rousseff, a quem serviu como ministro do Desenvolvimento, entre 2011 e 2014. Em um dos inquéritos, a PF concluiu que o governador mineiro participou de esquema criminoso para favorecer o Grupo CAOA. Ao deixar o cargo de ministro para concorrer ao governo de Minas Gerais, Pimentel foi substituído por Mauro Borges, seu aliado político, igualmente suspeito de envolvimento nas irregularidades investigadas pela Acrônimo.

Entre os anos de 2013 e 2014, a CAOA, empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, também investigado na Operação Zelotes, pagou R$ 2,1 milhões a duas empresas de Benedito Oliveira Neto, conhecido como Bené e tido nos subterrâneos do poder como operador de Fernando Pimentel.

De acordo com as investigações, os valores foram “vantagens indevidas” (propina) para que Bené conseguisse, junto a Pimentel e Borges, a edição de portarias mantendo a montadora no Programa Inovar Auto, que concedia incentivos fiscais a grandes indústrias do setor automobilístico.


A PF afirma que as empresas de Bené, de fachada, não prestaram serviços à CAOA, sendo usadas apenas para a emissão de notas fiscais usadas fraudulentas, o que é considerado lavagem de dinheiro, e oferecer propina aos envolvidos no esquema criminoso. Fernando Pimentel e sua mulher, Carolina Oliveira, teriam recebido propinas de Bené, incluindo hospedagem em resort de luxo na Bahia, viagens de jatinho e aluguéis de carros de luxo.

Pimentel foi intimado para depor na última sexta-feira (8), última etapa da investigação, mas não compareceu ao depoimento. Antes da intimação, o indiciamento do petista fora autorizado pelo ministro Herman Benjamin, relator dos inquéritos da Acrônimo no STJ. Em decisão tomada em fevereiro último, Benjamin destacou em despacho que os policiais federais poderiam fazer o enquadramento penal do governador mineiro desde que cumpridas as etapas necessárias à devida apuração do caso.

No melhor efeito cascata, o indiciamento de Fernando Pimentel atinge diretamente a presidente da República, cujo nome foi citado em delação premiada da empresária Danielle Fonteles, uma das donas da agência Pepper Comunicação Interativa, que prestava serviços ao PT. Aos investigadores da Acrônimo, Danielle afirmou que recebeu, de forma irregular, R$ 6,1 milhões por serviços prestados à campanha de Dilma em 2010. De acordo com a delatora, o pagamento foi feito pela construtora Andrade Gutierrez, investigada na Operação Lava-Jato e cujo ex-presidente fez acordo de delação premiada.

A PF acusa a mulher de Pimentel, Carolina Oliveira, de ser sócia oculta da Pepper, que no primeiro mandato de Dilma foi usada para intermediar dinheiro do BNDES para o agora governador de Minas Gerais. À época, Pimentel tinha sob seu comando o BNDES.

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