Ao defender o mandato e criticar duramente o processo de impeachment, o que faz no vácuo da cantilena “impeachment é golpe”, Dilma Rousseff, a ainda presidente, sequer comenta a grave e múltipla crise em que afunda o Brasil. É fato que questões éticas, institucionais e de competência não resolvem de chofre as dificuldades enfrentadas pelos brasileiros no cotidiano, mas são importantes para garantir um futuro menos turbulento e com doses rasas de esperança.
Independentemente dessa incontestável necessidade de se vencer o mal, o brasileiro de bem tem o dever de cobrar do governo uma solução que minimize os problemas econômicos que brotam em todos os rincões do País. Se Dilma prefere não enxergar o óbvio, até porque sofre de autismo político e esquizofrenia administrativa, a população precisa ao menos contemplar uma luz no final do túnel, mesmo que esmaecida seja.
A economia brasileira cambaleia cada vez mais à beira do precipício, mas os palacianos preocupam-se atualmente com o desatamento do nó político que se formou a partir do processo de impedimento da chefe do governo. A esses obtusos que assessoram Dilma pouco importa que o salário vem perdendo de forma contínua o poder de compra, submetendo os trabalhadores, independentemente da faixa de renda, a sacrifícios covardes e inimagináveis.
Aos delinquentes políticos que frequentam o Palácio do Planalto pouco importa que empresas estão fechando as portas e que vagas de empregos são dizimadas dia após dia. Ao governo interessa apenas uma saída para garantir a permanência de Dilma no cargo – o poder ela já perdeu – e o avanço de um projeto criminoso de poder, que há muito deixou de ser novidade. O que enfrentam os brasileiros na esteira de uma política econômica desastrada é, para a camarilha governista, um mero detalhe nesse enredo bandoleiro que transformou o Brasil em uma nação sem rumo.
“Companheiros” e aliados de Dilma não se cansam de repetir o mantra “não vai ter golpe”, como se o golpe já não tivesse sido perpetrado pelo próprio partido do governo e pelos penduricalhos políticos que o acompanham nessa empreitada despudorada. A esses obtusos pouco importa que o caos na saúde pública represente um golpe inenarrável. Dengue, febre chikungunya, Zika vírus e H1N1 devastam o País, mas esses bandidos ousam em falar em golpe.
Denúncias de superfaturamentos em obras públicas pululam no cenário verde-louro desde a chegada do PT ao poder central, mas a canalha oficial abusa da ironia e tenta convencer a parcela desavisada da população de que os fins justificam os meios. Como Robin Hood a roubar o suado dinheiro do cidadão, zombam da opinião pública ao tentar “vender” a tese de que o Brasil pode voltar a ser o País de Alice, aquele das maravilhas, caso Dilma não seja despejada da Presidência.
Há no planeta pelo menos dois negócios infalíveis: fabricação de papel higiênico e produção de farinha de trigo. Até porque, o homem não sobrevive sem ir ao banheiro e sem o sacro pão de todos os dias. Em 2015, ano em que a crise econômica cresceu de forma exponencial, expondo as mentiras vociferadas por Dilma no ano anterior, a produção de trigo no Brasil registrou queda de 7%, sem, por enquanto, esboçar qualquer sinal de reversão do caos. A associação do setor afirma que esse recuo na produção de trigo é reflexo imediato da queda na renda do brasileiro. E é preciso crer nessa informação absolutamente verdadeira.
Aos pulhas oficiais pouco importa que o brasileiro é obrigado a se abster do outrora sempre presente pãozinho, pois esses páreas creem que um aumento do salário mínimo equivalente a meia dúzia de bananas é monumental conquista do trabalhador, que só foi possível porque o governo mais corrupto da história nacional se esforçou para tanto.
Eliminado um dos dois melhores e infalíveis negócios do planeta, resta à nossa análise o mais que necessário papel higiênico, que, diante das quase infindas defecações político-administrativas de Dilma e seu bando, tem futuro muito além de promissor nessa barafunda chamada Brasil. Mesmo assim, os bajuladores da presidente da República falam em golpe.
Se a lei vigente determina que o impeachment depende do cometimento de crime de responsabilidade para vingar, o brasileiro tem obrigação de exigir, independentemente de pedido de impedimento, o fim do governo que saqueou o Estado em todos seus escaninhos, levou o País à penúria econômica e impôs degradação moral às instituições.