Impeachment: primeiro discurso de Dilma após derrota foi marcado por mentiras e vitimização explícita

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Na segunda-feira (18), um dia após a Câmara dos Deputados aprovar, por mais de dois terços dos votos, a admissibilidade do processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff concedeu entrevista coletiva no Palácio do Planalto, ocasião em que, no vácuo de fala mansa e enganadora, mais uma vez tentou passar a ideia de que é vítima de um golpe. A petista tem o direito de pensar o que quiser, mas não pode querer que a sociedade acredite em suas palavras, pois não há em marcha um golpe no País.

Dilma, como vem fazendo nos últimos tempos, disse não ter cometido crime de responsabilidade, pressuposto básico para a abertura do processo de impedimento, mas contra fatos inexistem argumentos. No momento em que editou decretos para suplementação orçamentária sem a devida autorização do Congresso Nacional, a presidente incorreu em crime de responsabilidade, como prevê a Lei do Impeachment (Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950), recepcionada de forma clara pela Constituição Federal de 1988 (artigo 85).

Em sua fala, sempre enfadonha, mas agora mais suave por causa da acachapante derrota na Câmara, Dilma disse aos jornalistas que não é acusada de corrupção e que não tem contas bancárias no exterior, em inominada referência ao deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é investigado na Operação Lava-Jato (com direito a denúncia aceita pelo STF) e comandou a votação que deu sinal verde ao processo de impedimento da petista.

Ao ficar consumado o fracasso do governo na votação do último domingo (17), o núcleo duro do Palácio do Planalto optou pela estratégia da vitimização, o que de agora em diante obrigará Dilma a mostrar-se na condição de injustiçada, como fez a presidente em seu primeiro discurso pós-derrota.


Considerando que o Brasil ainda é uma democracia – e tem condições para continuar como tal – a presidente pode externar seu pensamento, seja ele qual for, mas é importante salientar que o processo de impeachment está baseado em crime de responsabilidade (leia-se “pedalada fiscal”), não por corrupção. Por enquanto Dilma não é acusada de ter embolsado dinheiro sujo, mas poderá ser processada por prevaricação, pois permitiu que a corrupção corresse solta e que seus assessores mais próximos participassem do butim criminoso.

Cansada da roubalheira institucionalizada, a sociedade brasileira viu no crime de responsabilidade uma oportunidade de se livrar do governo mais corrupto da história nacional, que consentiu com ataques permanentes aos cofres da Petrobras e de outras estatais, ação criminosa que transformou a petroleira verde-loura na empresa mais endividada do planeta.

Ademais, se Dilma é de fato bem intencionada, como ela própria alega, deveria ter um gesto de grandeza e renunciar ao cargo, permitindo que o País siga o seu caminho, não afirmando que a batalha será longa e que resistirá até o final.

Essa declaração (de resistência) mostra que os brasileiros de bem devem se preparar para mais alguns longos meses de penúria, pois o governo não descarta a judicialização do processo de impeachment, algo que já conta com o beneplácito antecipado do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, que sinalizou disposição para analisar mérito da matéria. Ou seja, Dilma e o PT tramam um golpe.

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