Passando por um período de turbulência do raciocínio, quadro que piorou com a aprovação da abertura do processo de impeachment contra a presidente da República, a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) não passa um dia sequer sem lançar sandices sobre os que votaram pela admissibilidade do processo de impedimento da “companheira” Dilma Rousseff.
Em discurso proferido no Senado na segunda-feira (18), Gleisi afirmou que o Brasil tronou-se chacota na imprensa internacional, com jornais europeus afirmando que a votação parecia um carnaval e que muitos deputados não estavam à altura da gravidade da situação.
Uma das principais implicadas na Operação Lava-Jato (foi denunciada por quatro delatores do Petrolão, é a investigada principal da Operação Pixuleco II e indiciada, juntamente com o marido, por corrupção passiva), e por enquanto longe da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, graças ao chamado foro privilegiado, Gleisi tem abusado da paciência dos brasileiros.
Em seu pronunciamento, Gleisi Hoffmann afirmou que o último domingo foi um dia triste para a democracia brasileira devido à decisão da Câmara dos Deputados favorável à abertura do processo de impeachment.
Usando um tom melodramático, digno das antigas e rocambolescas novelas mexicanas, a senadora afirmou que a decisão favorável ao impeachment é “fatídica” porque “feriu a Constituição e relativizou o poder do voto do eleitor, pois a denúncia contra a presidente não se baseia em crime de responsabilidade claro e bem definido, como exige o texto constitucional”.
A petista fez tal afirmação como se a maioria dos eleitores brasileiros não fosse favorável ao impeachment e não tivesse comemorado ruidosamente, nas ruas e nas casas, a abertura do processo, forma legal de se livrar do governo mais corrupto da história brasileira.
Gleisi Helena também ridicularizou os deputados que votaram pelo impeachment. Disse que, ao declararem seus respectivos votos, os parlamentares falaram sobre diversos assuntos, mas não abordaram os fatos que embasam o processo contra a presidente. O mesmo faz Dilma Rousseff, em seus discursos, ao insistir que não tem contas bancárias no exterior e que não cometeu crime de responsabilidade.
O Brasil vive um período de degradação moral, ao mesmo tempo em que aguarda soluções para a grave e crescente crise, mas o Congresso Nacional continua funcionando como um decadente clube privado, cujos frequentadores se preocupam em justificar o injustificável. E protagonizam esse espetáculo pífio e imoral sem rubor facial, já que cada um custa a bagatela de R$ 150 mil mensais aos contribuintes.