Rio-2016: obras das Olimpíadas já mataram mais trabalhadores do que em todas as cidades da Copa

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Na segunda-feira (25), a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Rio de Janeiro informou, por meio de levantamento, que, desde 2013, onze trabalhadores morreram em obras ligadas à Olimpíada. O número já supera as oito vítimas das obras nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

Três das onze vítimas morreram nas obras de extensão da linha 4 do Metrô carioca, duas na construção do Parque Olímpico, outras duas nas obras do Museu da Imagem e Som e Museu do Amanhã e o restante em relação a reformas do transporte, na ampliação do Elevado do Joá, a Transolímpica, e na Supervia.

“Isso tudo foi causado por falta de planejamento, sem dúvida. É a correria na hora de concluir”, ressaltou Elaine Castilho, auditora que coordena a fiscalização.

“Os operários não podem ter jornadas de trabalho exaustivas. Se isso acontecer, suspenderemos as obras”, alertou o superintendente Robson Leite.

Algumas obras chegaram a ser suspendidas por problemas como ausência de material de segurança e falhas no sistema elétrico. Leite afirmou ainda que nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, não ocorreram mortes.

Um dos graves problemas relacionados à organização dos Jogos diz respeito ao fornecimento de energia. Na semana passada, por exemplo, houve queda de luz em dois eventos-teste no Parque Olímpico (ginástica artística e natação), o que gerou reclamação de atletas e federações. Os incidentes são consequência do atraso na definição sobre quem pagaria pela energia temporária durante a Olimpíada. Recentemente, o orçamento para o fornecimento de energia para a Rio-2016 sofreu um corte de 66 milhões de reais.

O Pré-Olímpico de Ginástica Artística, disputado na Arena Rio, teve pelo menos duas quedas de energia, enquanto o Troféu Maria Lenk, que aconteceu no Estádio Aquático Olímpico, teve a prova mais esperada, em que Cesar Cielo perdeu sua vaga na Olimpíada, adiada em 45 minutos por falta de luz. O problema já havia acontecido na inauguração do estádio, no início do mês.


No final de fevereiro somente, a pouco mais de seis meses do início da Olimpíada, foi decidido quem pagaria a conta. Em Londres-2012, a garantia foi dada 18 meses antes da abertura. O governo federal havia se comprometido a pagar a energia temporária até o teto de 290 milhões de reais, mas o valor só foi suficiente para garantir o pagamento relativo ao Parque Olímpico.

Segundo os cálculos iniciais dos organizadores, seriam necessários mais 170 milhões de reais para garantir a energia temporária no Complexo Esportivo de Deodoro, na região do Maracanã, que inclui também o Engenhão, e de Copacabana. Caberia ao Estado arcar com o restante.

A crise financeira do estado do Rio de Janeiro fez com que o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) encaminhasse em dezembro do ano passado um projeto de lei à Assembleia Legislativa solicitando que os 170 milhões de reais fossem pagos mediante renúncia fiscal. A Light se propôs a instalar o sistema em troca de desconto na cobrança de ICMS.

A Assembleia aprovou a proposta no fim de fevereiro, porém com redução de 50% em relação ao pedido original, o que deixou um rombo de 85 milhões de reais a ser fechado pelos organizadores. Assim, o Rio-2016 refez as contas, readequou o projeto e cortou 66 milhões de reais entre o que havia sido proposto originalmente e o que está sendo implantado.

Contudo, a entidade não esclareceu o que foi cortado. O custo final ficou em R$ 104 milhões e o próprio comitê se comprometeu a pagar a diferença de R$ 19 milhões.

Rodrigo Garcia, diretor de Esportes do Comitê Rio-2016, reconheceu os problemas, entretanto afirmou que existe “risco zero” de isso se repetir na Olimpíada. “Energia é um tema que a gente está estudando muito, mas, para os eventos-teste, é uma configuração totalmente diferente. Basta dizer que o maior consumidor de energia não está aqui, que é o broadcast”, disse, referindo-se a toda estrutura necessária para a transmissão de TV dos Jogos.

Mesmo dizendo que não teve culpa das quedas de luz nos eventos-teste, e que a responsabilidade é do Comitê Rio-2016, a Light informou que vem desenvolvendo “rigoroso plano de manutenção e operação que cobre os quatro clusters olímpicos”.

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