À espera da cassação, Delcídio Amaral já saiu atirando contra Gleisi, Paulo Bernardo, Lula e Dilma

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Prestes a ter o mandato parlamentar cassado pelo plenário do Senado, o ex-petista Delcídio Amaral, que foi líder do desgoverno de Dilma Rousseff na Casa legislativa, sairá da cena política atirando, como antecipou o UCHO.INFO por ocasião da prisão do parlamentar na Operação Lava-Jato.

Ao contrário do que imaginam os que não conhecem a fundo os bastidores da política nacional, Delcídio sabe muito mais do que a maioria gostaria. E tem condições de provar muitas das acusações que fez e ainda pode fazer.

Essa condição de arquivo ambulante que Delcídio Amaral ostenta obrigou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a condicionar a votação do processo de impeachment em plenário à questão envolvendo o senador sul-mato-grossense. Renan alegou que o processo de cassação de Delcídio é anterior ao do impeachment e por isso deveria ser votado antes.

O presidente do Senado tem razão, mas não se pode negar ao réu o direito à ampla defesa, mesmo que essa fase já tenha se exaurido. O temor de Renan Calheiros é com eventual fala de Delcídio, que poderia colocar mais nitroglicerina na já difícil situação do peemedebista alagoano, que já é alvo de vários processos no Supremo Tribunal Federal (STF).

Como se não bastassem as informações que tem a respeito do presidente do Senado, Delcídio afirmou às autoridades que o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações) atuou no Petrolão como operador da própria mulher, a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), uma das últimas moicanas da tropa de choque de Dilma.

As informações de Delcídio Amaral foram tão precisas e detalhadas, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decidiu denunciar Gleisi, o marido e o empresário curitibano Ernesto Kluger por corrupção e lavagem de dinheiro. Por questões óbvias o trio nega as acusações, mas Janot foi incisivo na denúncia oferecida ao STF.


“À época, era ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, função ocupada desde o início de 2005, figurando como forte quadro do PT, com três mandatos de deputado federal, agremiação partidária que comandava o Governo Federal e que tinha perspectivas concretas de continuar a fazê-lo, com a eleição presidencial. Tanto é assim que Paulo Bernardo, ao deixar o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, passou a ocupar o Ministério das Comunicações, do início de 2011 até o início de 2015 – ambas funções com poder de influência no círculo decisório do Governo Federal”, escreveu o procurador.

“O mesmo se diga de Gleisi Hoffmann, esposa de Paulo Bernardo. Em 2010, Gleisi já sobressaía como figura expoente do PT, tendo-se lançado como forte candidata ao Senado. Tanto é assim que Gleisi foi de fato eleita senadora e, em meados de 2011, foi nomeada ministra-chefe da Casa Civil, função na qual permaneceu até 2014, o que ilustra o seu potencial à época, para além da eleição para o cargo de senadora, de ocupar funções com poder de influência no círculo decisório do Governo Federal”, completou Janot ao fazer referência à senadora paranaense.

A grande polêmica no rastro das declarações de Delcídio Amaral ainda está por vir. Em depoimento no Senado, para tentar salvar o próprio mandato, Delcídio disse que no episódio que o levou à prisão agiu a mando de Lula e de Dilma Rousseff.

A presidente da República, que também está na fila do abate político, chamou o ex-líder de mentiroso, mas Delcídio não tem esse perfil. E se fez tal acusação é porque tem como provar.

No momento em que o Senado decretar o fim do atual governo, em caráter definitivo, Dilma será uma cidadão comum sem qualquer privilégio perante à Justiça. O que já acontece com Lula, que continua sob a proteção do STF por conta das pessoas com as quais se envolveu na prática do banditismo político. Quando essa blindagem terminar, criador e criatura cairão nas mãos do juiz Sérgio Moro, o que dependendo dos ilícitos cometidos, pode significar uma temporada atrás das grades.

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