Presidente do Supremo Tribunal Federal e responsável pela fase final do processo de impeachment de Dilma Rousseff, o ministro Ricardo Lewandowski acolheu recurso da petista e concedeu à processada o direito de apresentar 48 testemunhas de defesa. São técnicos, auditores e advogados, alguns dos quais já emitiram pareceres acerca dos crimes de responsabilidade imputados a Dilma.
Responsável pela defesa da presidente afastada, o advogado petista José Eduardo Martins Cardozo sabe que é impossível justificar o injustificável, mas mesmo assim o ex-ministro da Justiça insiste em provar que não houve por parte de Dilma qualquer ilícito que pudesse ensejar o pedido de afastamento em curso.
O objetivo desse recurso, que garantiu a apresentação de quatro dúzias de testemunhas, é procrastinar ao máximo o processo de impeachment, fazendo com que o mesmo avance no tempo e se aproxime do prazo máximo de afastamento de 180 dias.
Engana-se quem pensa que Cardozo não recorrerá mais adiante ao STF para atrasar a decisão final, que deverá acontecer no plenário do Senado em meados de agosto. Fosse uma pessoa responsável e consciente das bizarrices cometidas no exercício do mandato, Dilma já teria renunciado ao cargo, deixando o país livre dessa atroz incerteza política que alimenta uma crise econômica sem precedentes.
O Brasil sangra dia após dia no vácuo de um caos econômico que só cresce, mas o apego pelo poder e o desespero diante da possibilidade de a verdade vir à tona levam os petistas a impor ao País mais algumas semanas de agruras.
Muito estranhamente, na segunda-feira (6), o presidente da Comissão Especial do Impeachment, senador Raimundo Lira (PMDB-PB), alegando reflexões filosóficas, recuou da decisão de encurtar o prazo de para as alegações finais da defesa e da acusação, que havia caído de quinze para cinco dias. Com o recuo, o prezo voltou a ser de quinze dias.