A Procuradoria da República no Paraná colocou Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente afastada da Câmara dos Deputados, contra a parede. Isso porque o juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável na primeira instância do Judiciário pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato, aceitou a denúncia oferecida pelo MPF contra a esposa do peemedebista, a jornalista Cláudia Cordeiro Cruz, que agora é ré. Cláudia é acusada de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Na denúncia, os procuradores afirmam que Cláudia Cruz usou dinheiro da propina recebida por Cunha para bancar luxos no exterior. De acordo com a acusação, a jornalista gastou US$ 854.387,31 em artigos de grife, como bolsas, sapatos e roupas. O que não configura novidade em se tratando de uma mulher consumista com cartão de crédito recheado em mãos.
“Os recursos que aportaram na conta de Cláudia Cruz foram utilizados, por exemplo, para pagar compras de luxo feitas com cartões de crédito no exterior”, destaca a Procuradoria na denúncia.
“Outra parte dos recursos foi destinada para despesas pessoais diversas da família de Cunha, entre elas o pagamento de empresas educacionais responsáveis pelos estudos dos filhos do deputado afastado, como a Malvern College (Inglaterra) e a IMG Academies LLP (Estados Unidos)”, ressaltam os procuradores.
De acordo com a denúncia enviada a Moro, Cláudia Cruz manteve, entre 2009 e 2014, depósitos não declarados às repartições federais na offshore Köpek em montante superior a US$ 100 mil, o que configura crime contra o sistema financeiro nacional.
Responsável pela defesa da jornalista, o criminalista Pierpaolo Bottini informa que sua cliente continuará colaborando com a Justiça, entregando documentos necessários à apuração dos fatos. O advogado ressalta que Cláudia Cruz não tem qualquer relação com atos de corrupção ou de lavagem de dinheiro, não conhece os demais denunciados e jamais participou ou presenciou negociações ilícitas.
Com essa denúncia, Eduardo Cunha fica em situação desconfortável em termos políticos, pois qualquer movimento que sugira a eventual prisão de Cláudia Cruz pode levar o peemedebista a tomar decisões inesperadas. Entre essas decisões está a renúncia à presidência da Câmara, algo que pode acontecer a qualquer momento e há muito é desejado por considerável número de deputados.