A bela e acolhedora cidade de Lisboa está em festa. Assim como todo Portugal, suas aldeias, quintas, concelhos e tudo mais. Com o fim de semana prolongado pelos feriados do Dia de Portugal, comemorado nesta sexta-feira (10), e de Santo Antonio (13), o centro da capital portuguesa está praticamente fechado ao trânsito para as celebrações. Mas o 10 de Junho também é o Dia de Camões, pois nesta data morreu o grande e insuperável poeta português, um dos maiores de todos os tempos.
A origem do Dia de Portugal remonta aos trabalhos legislativos após a Proclamação da República, a 5 de outubro de 1910. Um decreto que definia os feriados nacionais é publicado, sendo que algumas datas religiosas foram eliminadas do calendário oficial como forma de reduzir a influencia social da Igreja Católica e a garantia de um Estado laico.
Antes da Revolução dos Cravos, o 10 de Junho era o “Dia de Camões, de Portugal e da Raça” (este último qualificativo criado pelo autoritário António de Oliveira Salazar por ocasião da inauguração do Estádio Nacional,em 1944). A Terceira República converteu, em 1978, a celebração para “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”.
Data importante para os nascidos em Portugal, o 10 de Junho deste ano ultrapassou as fronteiras da nação-irmã pelas mãos do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que levou as comemorações a Paris, onde condecorou os emigrantes portugueses que ajudaram vítimas dos atentados ocorridos na capital francesa.
Este 10 de Junho por certo tem um sabor diferente para os portugueses. E há motivos para tanto, como relata a jornalista Felisbela Lopes em artigo publicado no “Jornal de Notícias”. E um dos motivos é o movimento de convergência que cresce em Portugal.
“Nunca gostei das comemorações oficiais do 10 de junho. Porque acentuaram sempre as assimetrias do nosso país. Porque nada parecia genuíno. Este ano, pela primeira vez, o palco dos eventos instala-se, sobretudo, em França. Para homenagear a diáspora. Porque hoje é também dia das Comunidades Portuguesas. E de Camões. Nunca sentimos verdadeiramente o que isso é. Vamos lá ver se este ano conseguiremos celebrar bem esta data. Marcelo é um presidente da República diferente de todos os seus antecessores. Mais próximo, mais energético, mais imprevisível. Por isso, não surpreendeu esta sua ideia de assinalar maioritariamente o 10 de junho em Paris, num formato completamente inovador”, escreveu Felisbela.
Quem conhece Portugal sabe que o país, além do tangível, é muito maior do que sua extensão territorial. A força do seu povo é infinitamente superior ao que poder-se-ia esperar dos 13 milhões de habitantes. Isso faz do impossível do hoje a alquimia do amanhã. Tudo em Portugal acontece a seu tempo, mas, cedo ou tarde, acaba acontecendo.
Sem o ócio proporcionado pelo calendário luso, nós brasileiros igualmente estamos em festa, pois dos portugueses muito temos. Sorte dos lusitanos, que lá na “terrinha”, a partir desta sexta-feira, têm pela frente um feriado inaugurado pelo gênio de Camões e que promete terminar na fé de Santo Antonio.
Valha-me Deus! Como viver longe da fidalguia da Candinha, dos ovos moles de Aveiro, da genialidade de Camões, da espetada de lula, dos versos de Pessoa, das tortas de Azeitão, do mistério de Fátima, dos Sabores da Quinta (do Conde), dos pasteis de Belém, do licor de figo, da magia e do vinho do Porto, da talhada do príncipe, dos vinhos da Bacalhoa, do choco frito em Setúbal, da livraria Lello & Irmão, dos chocolates Arcádia, do Solar dos Presuntos, do Infante de Sagres, dos bolinhos de bacalhau da Taverna Imperial…? Ora pois!