O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou o relatório pela cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de quebra do decoro parlamentar por mentir sobre a titularidade de contas bancárias no exterior e não declaradas às autoridades brasileiras.
Na verdade, as contas creditadas a Cunha estão registradas em nome de trusts, das quais o presidente afastado aparece como beneficiário. Instrumento financeiro largamente conhecido, o trust serve para a administração de grandes fortunas, mas também é usado para esconder dinheiro de origem ilícita.
Eduardo Cunha é acusado de envolvimento em vários casos de corrupção no âmbito do Petrolão, sendo que o dinheiro sujo, segundo autoridades, abasteceu tais contas. Mesmo assim, com base na estrita interpretação da acusação, não se pode afirmar que Cunha mentiu.
Considerada até esta terça-feira (14) como sendo a eventual tábua de salvação do peemedebista, a deputada federal Tia Eron (PRB-BA) votou a favor do relatório que pede a cassação do mandato de Eduardo Cunha. Até o início da sessão do colegiado, a expectativa era de que a deputada baiana votaria a favor de Cunha.
O relatório do deputado Marcos Rogério (DEM-RO) recebeu 11 votos a favor, incluindo o do próprio relator, ao passo que 9 integrantes do Conselho de Ética votaram contra o parecer pela cassação.
A decisão final sobre a cassação do mandato de Eduardo Cunha cabe ao plenário da Câmara, que deve votar o relatório do Conselho de Ética nos próximos dias, caso a defesa do peemedebista não interponha recursos ou apele ao Supremo Tribunal Federal. No plenário, a chance de Cunha escapar da cassação é quase nula, pois a votação é aberta.