Por ocasião da prisão de Delcídio Amaral, agora senador cassado, flagrado em gravação oferecendo vantagem financeira à família de Nestor Cerveró em troca do silêncio do ex-diretor internacional da Petrobras, condenado no âmbito da Operação Lava-Jato, o UCHO.INFO afirmou que o abandono do outrora líder do governo no Senado teria efeitos devastadores. Isso porque Delcídio sempre soube demais acerca dos bastidores da política e no caso em questão não teria agido por interesse próprio.
Não bastasse o silêncio estranho e a omissão covarde de Dilma Rousseff, que poderia ter manifestado solidariedade ao então senador, mesmo que através de intermediários, o lobista-palestrante Lula chamou Delcídio de “idiota”. Classificando a atitude do ex-petista como “coisa de idiota”, lula, mostrando um falso inconformismo, foi além e disse de forma enfática: “Que loucura! Que idiota”.
Quem conhece Delcídio Amaral sabe que o ex-senador tem, como qualquer pessoa, defeitos, mas está longe de ser louco ou idiota. E as palavras de Lula serviram de combustível para levar Delcídio à decisão de negociar acordo de colaboração premiada, transformando-se em um dos mais temidos delatores da Operação Lava-Jato.
Muitas das informações repassadas aos procuradores por Delcídio foram confirmadas por outro delator da Lava-Jato, Luiz Carlos Martins, ligado à Construtora Camargo Corrêa. Martins ratificou as informações sobre o esquema de propina nas obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
Segundo Delcídio, pelo menos R$ 45 milhões foram desviados da referida obra para financiar campanhas do PT e do PMDB. Com base nessas informações, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu abrir investigação para apurar a suposta participação dos senadores Renan Calheiros, Romero Jucá, Valdir Raupp e Jader Barbalho no esquema criminoso. No mesmo caso, mas em processo separado, o também senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia, é igualmente investigado.
Há nesse capítulo da Lava-Jato um detalhe interessante. Delcídio, bom orador que é, por certo foi claro ao detalhar o esquema que desviou dinheiro público de Belo Monte. O ex-senador disse que recursos desviados financiaram campanhas do PT e do PMDB. De tal modo, o STF precisa explicar a razão de investigar apenas senadores peemedebistas. Afinal, o PT também se beneficiou da roubalheira, segundo o agora senador cassado.