Depois de nomear como assessor especial da casa Civil, no período em que comandou a pasta, um pedófilo que agora está condenado a mais de cem anos de prisão, a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) não poderia ter outra postura, que não a de acreditar na impunidade. Ciente de que o seu envolvimento e o do marido no escândalo do Petrolão teria consequências, mesmo que tardias.
Gleisi reagiu com bazófia e doses de vitimização à prisão do ex-ministro Paulo Bernardo da Silva, o marido, acusado de participar de um esquema criminoso que desviou aproximadamente R$ 100 milhões do Ministério do Planejamento através da gestão de crédito consignado a servidores federais. O dinheiro desviado abasteceu os cofres do Partido dos Trabalhadores e o bolso do próprio Bernardo.
Abalada, segundo pessoas próximas, a senadora petista só deve retornar ao trabalho na próxima semana. Mesmo assim, continua insistindo na tese rasteira e oportunista de que a Operação Custo Brasil foi deflagrada para criar uma cortina de fumaça sobre os desvios do governo interino de Michel Temer. É importante lembrar que o governo do peemedebista tem pouco mais de quarenta dias e não há até agora qualquer registro de irregularidade ou desvio. E beira a leviandade confundir acusações a alguns integrantes do governo com desvios no âmbito da administração Temer.
Seguindo a cartilha imunda da esquerda nacional, Gleisi Hoffmann desce às raias do ridículo ao afirmar que a Operação Custo Brasil, desdobramento da 18ª fase da Operação Lava-Jato (Pixuleco II), serve para o atual governo pressionar pelo afastamento definitivo da petista Dilma Rousseff. Ou seja, os “companheiros” mergulham na roubalheira institucionalizada, mas ousam politizar as ações de combate à corrupção. Sem contar que aquilo que vale para os adversários não vale para os petistas, que, como sempre, acreditam estar acima de todos e da lei.
Aproveitando todas as brechas para condenar a ação policial que culminou com a prisão do marido, Gleisi criticou a ação de busca e apreensão no apartamento funcional que ocupa em Brasília. A classe política, independentemente de partido, condenou pontualmente a ação, pois sabe que outros parlamentares investigados em escândalos de corrupção poderão sofrer o mesmo.
O banditismo política que grassa no País encontrou na imunidade parlamentar m terreno fértil para o cometimento de crimes, quando na verdade esse instituto foi criado para, no período da ditadura, garantir aos políticos a liberdade de opinião e de voto. O que na época era ameaçado pela truculência que dominou a era plúmbea.
Se Paulo Bernardo cometeu os crimes que lhe são imputados, que responda perante a Justiça e pague por seus atos, mas não se pode admitir que um político sem mandato busque proteção no apartamento funcional ocupado pela esposa senadora. Diz a Constituição Federal que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, ou seja, uns não podem ser mais iguais que a maioria.