Esquenta o clima entre Dilma Rousseff e o PT, que nega ter atirado a presidente afastada aos leões

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Depois da chiadeira da senadora Gleisi Helena Hoffmann, que chamou de “quinta coluna” os petistas que já dão como certo o fim da presidente afastada, o PT decidiu reagir e em nota afirma que repudia a ideia de que o partido abandonou Dilma Rousseff.

Na nota assinada pelo presidente da legenda, Rui Falcão, e publicada na internet, o PT “reafirma seu compromisso integral na luta pelo retorno à Presidência da companheira Dilma”. Enquanto isso serve como um anestésico oficial para uma relação política desgastada e recheada com acusações trocadas intensamente nos bastidores, o partido conta as horas para se livrar de Dilma, considerada um problema a mais nas eleições municipais de outubro próximo.

Petistas reconhecem anonimamente que há um irreversível desgaste na defesa de Dilma, tarefa que agora é de competência exclusiva da tropa de choque da presidente afastada na Comissão Especial do Impeachment. No colegiado, alguns aduladores de Dilma fazem de tudo para evitar o pior, apenas por causa de um misto de fidelidade ideológica e obediência subserviente.

Na cúpula do PT, a possibilidade de Dilma retornar ao Palácio do Planalto é nula, o que acirra anda mais os ânimos entre as duas correntes e explica o silêncio quase obsequioso dos petistas em relação ao tema.


A temperatura subiu rapidamente após declaração da presidente afastada para rebater a afirmação do marqueteiro João Santana sobre caixa 2 de campanha, em depoimento no escopo da Operação Lava-Jato. Dilma negou ter autorizado contabilidade paralela na campanha e disse que as pendências financeiras eram de responsabilidade do partido. Ou seja, ao sugerir que o PT pagou o marqueteiro com dinheiro de propina, Dilma jogou mais combustível em uma fogueira ardente e com labaredas altas.

Um dos poucos que vinham defendendo Dilma, mesmo que com esmaecida convicção, Lula já não age como antes, principalmente depois que tornou-se réu em processo fruto da Operação Lava-Jato. Na mira do noticiário, Lula deu sua última cartada ao recorrer ao Comitê de Direitos Humanos da ONU e saiu de cena, até porque excesso de exposição a essa altura dos acontecimentos é a pior receita.

Dilma, por sua vez, nunca tratou o PT e seus integrantes com doses de simpatia. As poucas vezes que manifestou-se favoravelmente ao partido o fez com o intuito de cumprir tabela. Nos tempos em que ainda engrossava as fileiras do PDT, Dilma sempre referiu-se aos petistas com o termo “essa gente”. E se o abandono continuar até o julgamento final do impeachment, a ainda presidente afastada deve cair atirando para todos os lados, mesmo que com a metralhadora verborrágica de terceiros.

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